3 de agosto de 2010

Orgulho e arrogância no caminho

Se nossa prática não diminui o auto-apego, ou talvez até aumente, então não importa o quanto somos austeros e determinados, não importa quantas horas por dia nos devotamos à aprender, refletir e meditar, nossa prática espiritual é em vão.
Um derivado próximo do auto-apego é o sentimento de auto-importância. Tal arrogância ou orgulho é uma armadilha bem perigosa para pessoas praticando o Dharma. Especialmente no budismo tibetano — com seus diversos níveis de prática, as aspirações arrebatadoras do caminho do bodisatva e o mistério cercando a iniciação no tantra — podemos facilmente nos sentir parte de uma elite.
Além disso, a filosofia do budismo é tão sutilmente refinada e penetrante que, ao ganharmos alguma compreensão dela, isso pode dar origem ao orgulho intelectual.
Mas se esses são os resultados da prática, então alguma coisa saiu errada. Lembre-se do conhecido ditado entre budistas tibetanos: um pote com pouca água dentro faz bastante barulho quando chacoalhado, mas um pote cheio de água não faz ruído nenhum.
Pessoas com muito pouca realização com frequência querem contar a todos sobre os insights que tiveram, o êxtase e as sutilezas de sua meditação e como isso transformou radicalmente suas vidas.
Mas aqueles que estão verdadeiramente impregnados de realização não se sentem compelidos a anunciar isso; no lugar disso, simplesmente residem nessa realização. Eles não estão preocupados em descrever seu próprio progresso, mas em direcionar a consciência dos outros de modo que seus corações e mentes possam ser despertados.
B. Alan Wallace (EUA, 1950 ~)
“The Seven-Point Mind Training”
(Dharma Quote of The Week – Snow Lion, 29/07/2010)