12 de agosto de 2010

Preciosidade do nascimento humano


Pintura de Alex Grey, retratando o Dalai Lama e Avalokiteshvara
[Medite sobre a preciosidade de uma encarnação humana e do corpo como um recipiente espiritual.]
A mente samsárica ordinária vê o corpo humano apenas como um instrumento para perseguir necessidades materiais, sociais e biológicas — todas elas satisfazendo apenas níveis superficiais do espírito, seus efeitos não vão além dos portões da morte.
Temos que aprender a apreciar a qualidade espiritual intrínseca da natureza humana, para ter uma confiança sutil nos aspectos positivos e criativos do nosso ser. É difícil entrar no treino espiritual se a pessoa encara a vida como não tendo nenhum outro propósito além de perseguir objetivos efêmeros e transitórios, como faz um rato que constrói um ninho resistente e então leva pra lá todo tipo de bugiganga.
Para tirar a mente dessa atitude vã e mundana em relação à vida, sentamos em meditação e contemplamos primeiro as oito liberdades e os dez dotes*, e depois a natureza significativa e rara de uma encarnação humana. Essa contemplação nos infunde com um senso de dignidade espiritual que sutilmente transforma nosso modo de nos relacionar com nós mesmos e com a nossa existência.
Paramos de nos ver meramente como animais descontrolados correndo atrás dos desejos imediatos dos sentidos em um círculo vicioso de lei da selva; e conseguimos apreciar a qualidade do estado desperto penetrante e a capacidade para o desenvolvimento espiritual que diferencia humanos dos animais e insetos. Isso faz com que a intenção de extrair a essência da vida surja com intensidade radiante.
Dalai Lama (Tibete, 1935 ~)
“The Path to Enlightenment”
(Dalai Lama Quote of The Week – Snow Lion, 29/08/2009)
* oito liberdades e dez dotes: resumidamente, são as condições favoráveis do seu nascimento e do lugar onde vive, que permitem que você aprenda o dharma nesta vida e seja capaz de praticá-lo