24 de agosto de 2010

Poema da Renúncia


Dudjom Rinpoche

[enviado via e-mail por Ani Zamba Chözom]

Uma Grinalda de Pontos Essenciais aos Estudantes
Coração-essência dos Grandes Mestres

Lama-raiz, precioso e muito bondoso,

Senhor da mandala, único refúgio infalível e duradouro,
Acolha-me com sua compaixão!
Trabalho apenas por esta vida, sem manter a morte em mente,
Desperdiçando este livre e bem-dotado nascimento humano.

A vida humana, durando um instante, como um sonho —
Pode ser feliz, pode ser triste.
Sem desejar a alegria, sem evitar a tristeza,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Esta vida humana, como uma lamparina ao vento —
Pode durar muito, ou não.
Não deixando que a prisão do ego se intensifique,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Uma vida de luxúria, como uma aparição enfeitiçadora —
Pode vir a acontecer, ou não.
Com os modos dos oito Dharmas mundanos lançados como restos,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Todos estes subalternos, como um bando de pássaros numa árvore —
Podem me rodear, ou não.
Sem deixar que os outros me guiem pelo nariz,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Este corpo ilusório, como uma casa podre de cem anos —
Pode durar, pode virar poeira.
Sem me esforçar para conseguir comida, roupas ou remédios,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Este comportamento de Dharma, como um jogo de criança —
Pode continuar, pode parar.
Sem ser enganado por coisas que não importam,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Todos esses deuses e espíritos, como os reflexos em um espelho —
Podem ajudar, podem prejudicar.
Sem ver minhas próprias visões deludidas como inimigos,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Toda essa tagarelice confusa, sem vestígios como um eco —
Pode ser interessante, ou não.
Com as Três Jóias e minha própria mente testemunhando,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

As coisas que provam ser inúteis em tempos de necessidade,
Como os esgalhos de um cervo —
Posso conhecê-las, ou não.
Não colocando minha confiança apenas nas artes e ciências,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Estes presentes e dinheiro dados pelos fiéis, como um veneno mortal —
Posso recebê-los, ou não.
Sem gastar minha vida tentando acumular lucros vis,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Este posto elevado, como excremento de cachorro enrolado em cetim —
Posso tê-lo, ou não.
Conhecendo minha própria podridão, de primeira mão,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Amigos e família, como viajantes que se juntam para uma feira —
Podem ser cruéis, podem ser amáveis.
Cortando a firme corda de apego do coração,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Todas estas posses, como a riqueza achada em um sonho —
Posso tê-las, ou não.
Sem usar o tato e a lisonja para convencer os outros,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Este posto na hierarquia, como pequeno pássaro empoleirado num ramo —
Pode ser alto, pode ser baixo.
Sem me fazer miserável ao desejar uma posição melhor,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Praticando os feitiços da magia negra, como armas mortais —
Posso ser capaz de lançá-los, ou não.
Sem comprar a lâmina que corta a minha própria garganta,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Fazer orações, como um papagaio dizendo Om Mani Padme Hum —
Posso fazê-las, ou não.
Sem me gabar do que eu faço,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

A forma pela qual se ensina o Dharma, como água corrente —
Posso ser perito, ou não.
Sem pensar que mera eloqüência é Dharma,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O intelecto que faz diferenciações rápidas, como um porco apodrecido —
Pode ser inteligente, pode ser estúpido.
Sem permitir que surjam as rebarbas do ódio e apego inúteis,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

As experiências de meditação, como a água do poço no verão —
Podem aumentar, podem diminuir.
Sem perseguir arco-íris, como fazem as crianças,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Esta percepção pura, como uma chuva no topo da montanha —
Pode surgir, ou não.
Sem tomar a experiência ilusória como sendo real,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Estas liberdades e condições favoráveis, como uma jóia que realiza desejos —
Se não estão presentes, não há como realizar o Dharma sagrado.
Sem desperdiçar o que já está na minha própria mão,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O lama glorioso, como uma lamparina que ilumina o caminho da liberação —
Se não puder encontrá-lo, não há como realizar a verdadeira natureza.
Sem pular de um penhasco quando sei por qual caminho prosseguir,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O Dharma sagrado, como um remédio que cura doenças —
Se não o ouço, não há como saber o que deve ser feito e o que não deve.
Sem engolir o veneno quando posso distinguir o benefício do malefício,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O ciclo mutável da alegria e da tristeza, como as estações do ano —
Se isto não é visto, não há como alcançar a renúncia.
Como um tempo de sofrimento certamente virá ao meu redor,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O samsara, como uma pedra que caiu profundamente na água —
Se não sair agora, não sairei mais tarde.
Erguendo-me pela corda das Três Jóias compassivas,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

As boas qualidades da liberação, como uma ilha de jóias —
Se não são conhecidas, não há como começar a fazer esforços.
Tendo visto a vantagem da vitória permanente,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

As histórias das vidas dos grandes mestres, como a essência do néctar da imortalidade —
Se não são conhecidas, não há como a confiança surgir.
Sem escolher a autodestruição quando posso distinguir a vitória da derrota,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

A mente da iluminação, como um campo fértil —
A não ser que seja cultivada, não há como atingir a iluminação.
Sem ficar ocioso quando há uma grande meta a ser realizada,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Minha própria mente, como as brincadeiras de um macaco —
Sem manter guarda, não há como evitar emoções conflitantes.
Sem agir irrestritamente, como um lunático,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O ego, como uma sombra com a qual se nasce —
Até que seja abandonado, não há como alcançar um lugar de felicidade verdadeira.
Como o inimigo está em minhas garras, por que tratá-lo como amigo?
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Os cinco venenos, como brasas quentes entre as cinzas —
Até que sejam destruídos, não se pode descansar no estado natural.
Sem alimentar filhotes de víboras em meus bolsos,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Este fluxo mental, como a pele dura de um saco de manteiga —
Se não é domado e suavizado, não se pode misturar mente com Dharma.
Sem mimar criança é nascida por si mesma,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Estes maus hábitos arraigados, padrões kármicos, como as fortes correntes de um rio —
Se não são eliminados, não se pode evitar agir contrariamente ao Dharma.
Sem vender armas a meus inimigos,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Estas distrações, como ondas sem fim —
Se não são abandonadas, não há como se tornar estável.
Quando posso fazer aquilo que gosto, por que praticar o samsara?
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

As bênçãos do lama, como a primavera aquecendo o solo e a água —
Se elas não entram em mim, não há como ser introduzido à natureza da mente.
Quando há um atalho, por que tomar o caminho mais longo?
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Este retiro na selva, como o verão em um lugar exuberante onde crescem ervas —
Se não permanecer aqui, não há como nascer as boas qualidades.
Quando estiver no topo das montanhas, não retorne às cidades escuras.
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O desejo pelo prazer, como um espírito de má sorte entrando na casa —
Se não estou livre dele, nunca pararei de trabalhar pelo sofrimento.
Sem fazer oferendas a fantasmas vorazes como meus deuses pessoais,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

A atenção, como a tranca do portão de um castelo —
Se não existir, não se pode parar os movimentos da ilusão.
Quando o ladrão certamente está vindo, por que esquecer de trancar a porta?
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

A natureza verdadeira, imutável, como o céu —
Até que seja realizada, não podemos resolver completamente as dúvidas da visão.
Não me deixando ser acorrentado por teorias,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

A consciência, como um pedaço impecável de cristal —
Até que seja vista, a meditação intencional não pode se dissolver.
Quando há uma companhia inseparável, por que procurar por outra?
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

A face da mente comum, como um velho amigo —
Se não é vista, tudo o que se faz é enganoso.
Sem procurar às cegas na escuridão de meus próprios olhos fechados,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Em resumo, sem abandonar as preocupações desta vida,
Não há como realizar os ensinamentos sagrados após a morte.
Tendo decidido mostrar grande bondade a mim mesmo,
Possa tudo o que eu fizer ser para o Dharma.

Possa eu não desenvolver visões errôneas sobre o lama que tem dado instruções de acordo com o Dharma.
Possa eu não perder fé na divindade meditacional quando os infortúnios acontecerem.
Possa eu não relaxar na prática quando as circunstâncias forem difíceis.
Possa não haver obstáculos para atingir a realização.

Todas estas atividades são inúteis, como fazer uma grande viagem a um terreno baldio.
Todas estas tentativas só fazem o meu fluxo mental ficar mais rígido.
Todo este pensar só adiciona confusão na confusão.
Tudo o que parece ser Dharma para as pessoas comuns só faz mais amarras.

Tanta atividade — nada vem dela.
Tanto pensar — nenhuma finalidade nele.
Tanto querer — sem tempo algum.
Tendo abandonado tudo isso,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Se precisar fazer algo, possa o ensinamento do Buddha servir de testemunha.
Se precisar fazer algo, misturo fluxo mental e Dharma.
Se precisar fazer algo, leio as histórias das vidas dos mestres do passado.
Qual a utilidade de outras coisas? Pirralho mimado!
Pegue um assento baixo e se torne rico em contentamento.

Tente diligentemente se libertar das oito preocupações mundanas.
Possam as bênçãos do lama entrar em mim,
Possa a minha realização tornar-se igual ao céu.
Conceda-me suas bênçãos para que eu possa alcançar o trono de Samantabhadra.

Escrito por Jigdral Yeshe Dorje [Dudjom Rinpoche, 1904-1988] para suas próprias preces, condensando o significado essencial das palavras-vajra do conselho dos grandes mestres do passado.



Fonte :http://www.dharmanet.com.br/vajrayana/dudjom.htm


[versão em inglês]



Renunciation Poem

Dudjom Rinpoche

RENUNCIATION


Sole unfailing and unchanging Refuge, Lord of the Mandala

Most precious and kind Root Guru, hold me with compassion
When I squander the freedoms and endowments
Ignoring death, providing only for this life.

This fleeting human life like a dream

It it's happy that is alright, if it's unhappy, that's alright.
Without concern for happiness or sorrow
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This mortal existence, like a candle in the wind,

If it's long that's alright, if it's short that's alright…
Without intensifying the tight grip of the ego,
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These intellectual judgments, like the lure of a mirage

If they're suitable that's alright, if they're not that's alright
Discarding like hay, talk that carries the eight worldly concerns
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This entourage like a flock of birds in a tree

If it's assembled that's alright, it it's scattered that's alright
Without letting others lead me by the nose
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This illusory body like a hundred year old house

If it survives that's alright, if it collapses that's alright
Without becoming entangled with obsessions for food,
clothes and medicine
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This religious position like a child's game

If it's kept up that's alright, if it's dropped that's alright
Without deceiving myself with numerous diversions
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These gods and demons, like reflections in a mirror

If they are helpful that's alright, if they are harmful that's alright
Without perceiving my own hallucinations as the enemy
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This delusive talk, like a trackless echo

If it's pleasing that's alright, if it's unpleasing that's alright
Taking the Three Jewels and my own mind as witness
May I constantly practice the Supreme Teaching.

That which is useless at the time of need like the antlers of a deer

If it's known that's alright, if it's unknown that's alright
Without simply relying on the various sciences
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These religious possessions like virulent poisons

If they are acquired that's alright, if they are not that's alright
Without devoting my life to sinful, unwholesome means of survival
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This form of greatness like dog shit wrapped in brocade

If its obtained that's alright, if it's not that's alright
Having smelled the rottenness of my own head
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These relationships like gatherings on a market day

If they are loving that's alright, if they are spiteful that's alright
Cutting the ties of passionate attachment from deep within the heart
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This rank like a little bird perched in a tree

If it's high that is alright, if it's low that is alright
Without concentrating on that which actually brings sorrow
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This black magic like a sharpened weapon

If it's successful that is alright, if it's not that is alright
Without buying the blade that will cut off my life
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These recitations like a parrot's six syllables

If they are repeated that's alright, if they are not that's alright
Without counting the numbers of the various practices
May I constantly practice the Supreme Teaching.

Mere religious discourse like a mountain cascade

If it's eloquent that's alright, if it's not that's alright
Without thinking of this glibness as Dharma
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The mind quick to judge like a pig's snout

If it's sharp that's alright, if it's dull that's alright
Without uselessly digging up the rubble of anger and attachment
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The yogi's experience like a stream in spring

If it expands that is alright, if it recedes that's alright
Without chasing rainbows like a child
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These pure visions like rain on a mountain top

If they happen that's alright if they don't that is alright
Without giving credence to illusory experiences
May I constantly practice the Supreme Teaching

The freedoms and endowments like a wish-fulfilling gem

If I do not obtain them there is no way to accomplish Dharma
When I have them in hand without letting them spoil
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The glorious Guru, light on the path of liberation

If I do not meet him there is no way to realize the true nature
When I know the way to go without jumping into the precipice
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The holy Dharma like a cure that removes sickness

If I have not heard it there is no way to decide
What to give up and what to take up
Distinguishing the beneficial from the harmful
without swallowing the poison
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The alternation of happiness and suffering

Like the changing of summer and winter
If I do not recognize it there is no way to develop renunciation
Being certain that I will suffer in turn
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This immersion in samsara like a stone in water

If I do not get out of it now I will not be free of it later
Holding on to the lifeline of the compassionate Three Jewels
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The qualities of liberation like an island of jewels

If I am unaware of them there is no way to develop diligence
Seeing the unending benefits to be gained
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The life stories of the great saints like the essence of nectar

If I am unacquainted with them there is no way to awaken faith
When I recognize the real gains and losses
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The aspiration towards enlightenment like a fertile field

If I do not cultivate it there is no way to attain Buddhahood
Without becoming indifferent to the accomplishments of this great goal
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These thoughts of mine like a monkey's antics

If I do not tame them there is no way to eliminate my negative emotions
Without falling into all kinds of crazy mimicry
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This attachment to ego like an inherent shadow

If I do not give it up there is no way to reach the peaceful land
When I recognize the enemy without befriending it
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The five poisons like glowing embers in the ash

If I do not extinguish them I cannot abide in mind's self nature
Without breeding venomous baby snakes in my bed
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This temperament of mine like the stiff hide of a buffalo-bag

If I do not soften it the Dharma and my mind will never blend
Without indulging the child that is born from myself
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These ingrained bad habits like the course of a river

If I do not eliminate them I cannot part from the profane
Without delivering weapons into the hands of the enemy
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These distractions like the ceaseless rippling of water

If I do not reject them there is no way to become steadfast
When I have the freedom of choice without devoting myself to samsara
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The Guru's blessing like the warming of water and earth

If I do not receive it there is no way to recognize my own true nature
When I step on the short path without turning in circles
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The solitary place like a summer valley of medicine plants

If I do not dwell there, there is no way for the good qualities to grow
When I stay in the mountains without wandering off to samsaric cities
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This desire for comfort like a greedy ghost lodged at the hearth

If I do not part from it painful efforts will never cease
Without making, as to a god, offerings to a hungry demon
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This alert mindfulness like the key to a fortress

If it is not relied upon the movements of delusion will never stop
At the time the thief arrives without leaving the latch unfastened
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The true nature like the unchanging space

If I do not realize it the ground of the view will not be found
Without chaining myself in iron fetters
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This awareness like a stainless crystal

If I do not see it, the concept and effort of meditation cannot dissolve
When I have this inseparable companion without searching for another
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This natural mind like an old friend

If I do not recognize it all my activities will be deluded
Without fumbling around with my eyes closed
May I constantly practice the Supreme Teaching.

In short, if I do not abandon the concerns of this life

There is no way to apply the teachings for the benefit of the next life
Having resolved to be kind to myself
May whatever I do become the Supreme Teaching.

To doubt the Guru's instructions that accord with the Dharma

To feel bitterness toward the deity when bad karma emerges
To discontinue the sadhana and so forth when adverse circumstances arise
May such obstacles not occur as accomplishment approaches.

All this doing has no more meaning than walking around a desert

All these efforts make my character rigid
All this thinking just reinforces my delusions
What worldly beings consider to be Dharma is the cause of binding myself.

All this exertion produces no result

All these ideas bring not a single actualization
All the numerous wants will never be fulfilled
Abandoning activities may I be able to meditate on the oral instructions.

If you think you want to do it, take the Victorious One's words as witness

If you think you will really do it, blend your mind with Dharma
If you think you can practice, follow the example of the past saints
You spoiled ones, is there any other way?

Taking a humble position rich with the treasure of contentment

Free from the binds of the eight-worldly concerns
Firm and strong hearted in practice
Receiving the Gurus's blessing realization becomes equal to space
May we attain the Kingdom of the All Good.

* * * * * * * * * * * * * * * *


Thus having united the meaning of the diamond words of the past saints,

I have written this as my own prayer. ~ Dudjom Rinpoche (Jigdral Yeshe Dorje)