9 de outubro de 2010

O novo rosto do Tibete: o Karmapa

Fonte: REVISTA GEO

leia a reportagem na íntegra, ao acessar o link abaixo: 

http://revistageo.uol.com.br/cultura-expedicoes/15/artigo178145-1.asp




         " Um momento simbólico em Dharamsala, na Índia: comemorou-se o aniversário de 74 anos do Dalai Lama, sem a presença do festejado. Em seu trono um jovem monge, de 24 anos, um refugiado e figura política de grande relevância. E a maior esperança dos tibetanos. Acompanhe uma visita pessoal àquele que se mantém à espera de exercer seu papel, às vésperas de mais uma comemoração pelo aniversário do líder

Por Andreas Hilmer (TEXTO) e G.M.B. Akash (FOTOS)


"NÃO ESSE KARMAPA de novo!" O policial indiano inspeciona nossos documentos de mau humor. No papel de carta vermelho de Sua Santidade está escrito: "Request for taking pictures of His Holiness the Karmapa during a day course of his schedule", um pedido de permissão para tirar fotos de Sua Santidade, o Karmapa, no decorrer de um dia de sua agenda.
O policial balança a cabeça. Esse Karmapa, um refugiado de 24 anos, e sua misteriosa popularidade parecem enervá-lo.
Viajamos ao norte da Índia para conhecer um Buda vivo. O líder espiritual da poderosa ordem Kagyü, em cuja sabedoria e determinação muitos dos mais de 6 milhões de tibetanos espalhados pelo mundo depositam sua esperança. Um jovem exilado que, apesar disso, não passa de um suplicante, tolerado pelo governo indiano; um objeto político que precisa ser protegido e guardado 24 horas por dia. Para que não diga nada que possa irritar os chineses. E para que nada lhe aconteça, que o mundo possa cobrar dos indianos.
Por essa razão, temos que ficar sentados aqui, antes de nosso primeiro encontro com Sua Santidade: na sala número 8 do Departamento de Polícia, no Distrito de Kangra. Registro de estrangeiros, seção Tibete. Seção Segurança. Montanhas de pastas se esparramam em ondas sobre mesas e armários. O oficial responsável pelo refugiado Karmapa ajeita cuidadosamente seu cabelo.
"O que vocês europeus sempre querem com esse homem?", pergunta, "vocês são cristãos, ou não?" Ainda bem que Akash, o fotógrafo, está esperando lá fora, no carro. Ele é muçulmano, o que teria deixado o policial mais desconcertado e desconfiado ainda. Então ele joga nosso pedido como uma fruta podre sobre a escrivaninha.

"You sit, you wait". ("Você senta, você espera").
Com uma expressão petrificada ele começa a manusear seus carimbos. "Karmapa, Karmapa, Karmapa!", exclama ele, e anda pelo edifício com nossos passaportes, como se tivéssemos feito um pedido imoral.
Depois vira e revira as câmeras do fotógrafo em suas mãos.
"O que é que vocês querem fotografar lá?"