Dzongsar Khyentse (dir.) com Chagdud Rinpoche |
Suponha que bem antes de praticar você tenha uma briga com seu noivo. Isso provavelmente vai desencadear uma corrente de pensamentos sobre o que você quer dizer para seu parceiro. Se você começar sua prática no meio disso tudo, ela não vai funcionar muito bem. É por isso que ajuda colocar um ponto nessa corrente de pensamentos durante pelo menos algum tempo.
Descobri que isso é muito, muito útil. Há na verdade incontáveis métodos para interromper a corrente de pensamentos, mas para mim, antes de praticar, apenas sento por um tempo. Cada vez que um pensamento vem, tento pará-lo cultivando um sentimento de renúncia, e faço isso de novo e de novo.
Penso que agora tenho 40 anos e, se eu conseguir viver até os 80, resta apenas metade da minha vida. Penso que desses 40 anos, vou dormir o equivalente a 20 anos. Então, agora há apenas 12 horas por dia que podem ser chamadas de vida. Se então contarmos assistir um filme por dia, comer e fofocar, sobram cerca de 5 horas. De 40 anos, isso quer dizer que sobram oito, e a maior parte irá embora ao nos permitirmos a paranóia, ansiedade e tudo mais [...]. Na verdade, há muito pouco tempo para a prática!
Isso deve dar a vocês uma ideia de como interromper a cadeia de pensamentos. Não pule imediatamente para dentro da prática; em vez disso, apenas observe-se, veja sua vida, veja o que está fazendo. Se está praticando dez minutos por dia, você deveria tentar interromper a corrente por pelo menos dois ou três minutos.
Fazemos isso para transformar a mente, invocando um sentimento de renúncia. Quando pensamos “estou morrendo. Estou me aproximando da morte” e outras ideias do tipo, isso realmente ajuda.
Dzongsar Khyentse Rinpoche (Butão, 1961 ~)
Fonte: Blog Samsara
“Entrance to the Great Perfection: A Guide to the Dzogchen Preliminary Practices”
(Snow Lion Dharma Quotes, 16/04/2010)