Kalu Rinpoche (Tibete, 1905 ~ Índia, 1989) “The Dharma That Illuminates All Beings Impartially Like the Light of the Sun and Moon” citado por Jack Kornfield, em “The Buddha is Still Teaching” |
30 de setembro de 2010
Tudo e Nada
28 de setembro de 2010
O Buda e o Yogue
“Queimo os erros do meu passado”, explicou o homem.
“E quantos erros já queimou?”
“Não tenho a menor idéia.”
“E quanto falta queimar?”, insistiu Buda.
“Não tenho a menor idéia.”
“Então é hora de acabar com isso e entender que se corrigem os erros com boas
ações e não com penitência”, foi o comentário de Buda.
27 de setembro de 2010
Ensinamentos do Buda
Feliz seria a Terra se todos os seres estivessem unidos pelos laços da benevolência e só se alimentassem de alimentos puros, sem derrame de sangue. Os dourados grãos, que nascem para todos, dariam para alimentar e dar fartura ao mundo.
Eu sou o resultado dos meus próprios actos; herdeiro dos meus próprios actos; os actos são meu parentesco; os actos recaem sobre mim; qualquer acto que eu realize, bom ou mau, eu dele herdarei. Eis no que deve reflectir todo o homem e toda a mulher.
Tudo o que nasceu vai morrer, tudo o que foi reunido será espalhado, tudo o que foi acumulado terá fim, tudo o que foi construído será derrubado, e o que esteve nas alturas será rebaixado
Nossa existência é transitória como as nuvens do Outono. Observar o nascimento e a morte dos seres é como olhar os momentos da dança. A duração da vida é como o brilho de um relâmpago no céu, tal como uma torrente que se precipita montanha abaixo.
Se o desejo, que se aloja na raiz de toda a paixão humana, puder ser removido, aí então, morrerá essa paixão, e desaparecerá, consequentemente, todo o sofrimento humano.
O leite fresco demora a coalhar; assim, os maus actos nem sempre trazem resultados imediatos. Esses actos são como brasas ocultas nas cinzas e que, latentes, continuam a arder até causarem grandes labaredas.
O homem que busca a fama, a riqueza e casos amorosos, é como uma criança que lambe o mel na lâmina de uma faca... É como um tolo que carrega uma tocha contra um vento forte, correndo o risco de ter o rosto e as mãos queimados.
Um homem será tolo se alimentar desejos pelos privilégios, promoções, lucros ou pela honra, pois tais desejos nunca trazem felicidade, pelo contrário, apenas trazem sofrimentos.
Meditação traz sabedoria; falta de meditação traz ignorância. Saiba bem o que o conduz para a frente e o que o prende atrás, e escolha o caminho que o guia à sabedoria.
Todas as coisas são precedidas pela mente, guiadas e criadas pela mente. Tudo o que somos hoje é resultado do que temos pensado. O que hoje pensamos determina o que seremos amanhã. Nossa vida é criação de nossa mente.
Buddha
23 de setembro de 2010
Faça do seu corpo e espírito um laboratório de experiências
Faça de seu corpo e de seu espírito um laboratório de experiências. Empenhe-se em uma pesquisa profunda a respeito de seu próprio funcionamento espiritual e examine as possibilidades de fazer mudanças positivas no seu interior. (Dalai Lama, O Livro de Dias, Sextante)
A História do Monge Asanga
Asanga, um grande praticante buddhista indiano, retirou-se em uma caverna para meditar dia e noite no Buddha Maitreya. Depois de seis anos, não tinha tido um único sonho auspicioso, uma única visão — nenhum sinal de realização. Então, concluiu que sua meditação era inútil. Deixou a caverna e, ao seguir pela estrada, passou por um homem que esfregava um lenço de seda numa coluna de ferro. Asanga perguntou ao homem, "O que o senhor está fazendo?"
"Estou fazendo uma agulha", respondeu o homem.
Asanga pensou, "Mas que perseverança! Ele está esfregando uma coluna de ferro com um lenço de seda para fazer uma agulha, e eu sequer tenho paciência suficiente para permanecer em retiro." Caminhou de volta para sua caverna e começou a meditar, dia e noite, sobre o Buddha Maitreya.
Depois de mais três anos de meditação, ela ainda não havia recebido sinal algum de realização. Nenhum sonho, nenhuma visão, nada. Novamente, muito desanimado, deixou o retiro. Ao seguir pela estrada, viu um homem que mergulhava uma pena num balde d'água e a passava sobre a superfície de um enorme rochedo. Asanga perguntou ao homem o que fazia.
"Este rochedo está fazendo sombra sobre a minha casa," respondeu, "então eu o estou removendo."
Asanga pensou, "Eis aqui alguém que, para ter apenas um pouco de Sol sobre seu telhado, se dispõe a ficar em pé interminavelmente, removendo um rochedo com uma pena. E eu não consigo sequer meditar até que obtenha um sinal." Então, voltou para a caverna e sentou-se em meditação.
Após um total de doze anos em retiro, ele ainda não havia recebido sinal algum. De novo, desencorajado e decepcionado, partiu. Ao seguir pela estrada, desta vez encontrou um cachorro muito doente. A parte inferior de seu corpo estava apodrecida por gangrena e cheia de larvas de moscas varejeiras. Sem as duas pernas de trás, ele conseguia apenas se arrastar pela estrada. Ainda assim, voltava-se para todos os lados, tentando morder quem estivesse em volta. O coração de Asanga se comoveu. "Este pobre cachorro", pensou, "O que posso fazer para ajudá-lo? Tenho que limpar a ferida, mas com isso posso matar as larvas. Não posso tirar a vida de um para preservar a de outro; toda vida tem valor."
Por fim, decidiu que, se usasse sua língua com cuidado para retirar as larvas da ferida, poderia salvar tanto os insetos quanto o cachorro. A idéia era repugnante, mas fechou os olhos e se abaixou. Quando abriu sua boca, sua língua tocou não o animal, mas o chão. Abriu os olhos. O cão havia sumido e ali estava o Buddha Maitreya.
"Faz anos e anos que estou rezando a você", exclamou Asanga, "e esta é a primeira vez que você aparece!"
O Buddha respondeu muito suave, "Desde o primeiro em dia que você começou sua meditação, tenho estado a seu lado. Mas, por causa do dos venenos da sua mente e dos enganos e ilusões criados por sua não-virtude, você não conseguia me ver. Era eu o homem que esfregava a coluna, era eu o homem que passava a pena no rochedo. Somente quando apareci como esse cachorro apodrecido é que você teve compaixão e altruísmo suficientes para purificar o karma que o impedia de me ver".
(Chagdud Tulku Rinpoche. Portões da Prática Budista.
Traduzido por Manoel Vidal, revisado por Cinthia Sabbado, Marta Rocha e Maurício Sabaddo.
Três Coroas: Rigdzin, 2000. Pág. 85-87. )
Traduzido por Manoel Vidal, revisado por Cinthia Sabbado, Marta Rocha e Maurício Sabaddo.
Três Coroas: Rigdzin, 2000. Pág. 85-87. )
22 de setembro de 2010
Koan
20 de setembro de 2010
Intervalos entre a meditação
Thinley Norbu Rinpoche (Tibete, 1931 ~)Todos novos meditadores devem praticar em sessões mais curtas porém mais frequentes. Na hora de concluir a sessão de prática, a mente deve permanecer imperturbada por conceitos. Se a pessoa é capaz de permanecer pacificamente sem ser perturbada por conceitos, é importante deixar a mente nesse estado por um tempo.
(FONTE desta imagem : http://dietamental.wordpress.com/)
O motivo é que se o intervalo entre sessões é preenchido com conceitos perturbadores, quando chega a hora de praticar meditação de novo a mente continuará a se conectar com esses conceitos prévios. Então há o perigo de que a mente não poderá permanecer pacificamente.
No entanto, durante o intervalo entre sessões, se a mente é deixada em claridade, quando chega a hora de praticar meditação de novo, a mente irá continuar a encontrar essa claridade prévia e, à partir daí, gradualmente a permanência no estado de meditação irá aumentar.
De modo similar, ao se levantar da meditação, a pessoa não deve subitamente se erguer, mas levantar e caminhar devagar, preservando o estado desperto.
“A Cascading Waterfall of Nectar”
19 de setembro de 2010
O Rio dos Sentimentos
Nossos sentimentos desempenham um papel muito importante por dirigirem todos os nossos pensamentos e ações. Existe em nós um rio de sentimentos, no qual cada gota d'água é um sentimento diferente e cada um depende de todos os outros para sua existência. Para observar esse rio, sentamo-nos à sua margem e identificamos cada sentimento à medida que ele vem à tona, passa por nós e desaparece.
Há três tipos de sentimentos — agradáveis, desagradáveis e neutros. Quando temos um sentimento desagradável, podemos querer afastá-lo. O mais eficaz é voltar à nossa respiração consciente e apenas observá-lo, identificando-o em silêncio para nós mesmos. "Inspirando, sei que há um sentimento desagradável em mim. Expirando, sei que há um sentimento desagradável em mim." Chamar o sentimento pelo seu nome, "raiva", "tristeza", "alegria" ou "felicidade", nos ajuda a identificá-lo com clareza e reconhecê-lo em maior profundidade.
Podemos usar nossa respiração para entrar em contato com nossos sentimentos e aceitá-los. Se nossa respiração for leve e tranqüila — resultado natural da respiração consciente — nossa mente e nosso corpo irão lentamente se tornando leves, tranqüilos e claros. E da mesma forma nossos sentimentos. A observação plenamente consciente se baseia no princípio da "não-dualidade": nosso sentimento não está separado de nós nem foi causado apenas por algo externo a nós. Nosso sentimento é nosso eu, e temporariamente nós somos esse sentimento. Não submergimos nesse sentimento, nem nos aterrorizamos com ele, tampouco o rejeitamos. Nossa atitude de não nos agarrarmos aos nossos sentimentos e de tampouco rejeitá-los é a atitude de desapego, uma parte vital da prática da meditação.
Se encararmos nossos sentimentos desagradáveis com cuidado, afeição e não-violência, podemos transformá-los naquele tipo de energia que é saudável e que tem a capacidade de nos nutrir. Através da observação consciente, nossos sentimentos desagradáveis podem ser muito esclarecedores para nós, proporcionando-nos revelações e compreensão a respeito de nós mesmos e da nossa sociedade.
A não-cirurgia
A medicina ocidental dá ênfase demais à cirurgia. Os médicos querem eliminar o que não for desejável. Quando temos algum distúrbio no corpo, eles muitas vezes nos aconselham uma operação. O mesmo parece se aplicar à psicoterapia. Os terapeutas pretendem nos ajudar a descartar o que é indesejável e manter somente o que é desejável. Mas o que sobra pode não ser muito. Se tentarmos nos livrar do que não queremos, podemos nos livrar da maior parte de nós mesmos.Em vez de agir como se pudéssemos nos desfazer de partes de nós mesmos, deveríamos aprender a arte da transformação.
Podemos transformar nossa raiva, por exemplo, em algo mais salutar, como a compreensão. Não precisamos de cirurgia para eliminar nossa raiva. Se nos enfurecermos com nossa raiva, teremos duas raivas ao mesmo tempo. Devemos apenas observá-la com amor e atenção. Se cuidarmos da nossa raiva dessa forma, sem tentar fugir dela, ela se transformará. E uma pacificação. Se estivermos em paz em nosso íntimo, poderemos aceitar nossa raiva. E possível tratar a depressão, a ansiedade, o medo ou qualquer sentimento desagradável dessa mesma forma.
Transformando os sentimentos
O primeiro passo ao lidar com os sentimentos é reconhecer cada sentimento no instante em que surge. O meio para isso é a plena consciência. No caso do medo, por exemplo, você recorre à plena consciência, olha para o medo e o reconhece como medo. Você sabe que o medo brotou de você mesmo e que a plena consciência também brotou de você mesmo. Os dois estão em você, não em luta, mas um cuidando do outro.
O segundo passo consiste em se tornar uno como sentimento. Melhor não dizer, "Vá embora, Medo. Não gosto de você. Você não é eu." Muito mais eficaz é dizer, "Oi, Medo. Como é que você está hoje?" Em seguida, você pode estimular esses seus dois aspectos, a plena consciência e o medo, a se cumprimentarem como amigos e a se unirem. Isso pode parecer assustador, mas, como você já sabe que você é mais do que seu medo, não é preciso se amedrontar. Desde que sua mente esteja alerta, ela fará companhia ao seu medo. A prática fundamental é nutrir a plena consciência com a respiração consciente, para mantê-la alerta, cheia de vida e força. Embora no inicio sua plena consciência possa não ser muito potente, se você a alimentar, ela se tornará mais forte. Contanto que a sua consciência esteja plena e presente, você não será submerso pelo medo. Na realidade, você começará a transformá-lo no exato instante em que dentro de si der à luz a percepção.
O terceiro passo é o de acalmar o sentimento. Como a consciência plena está cuidando bem do seu medo, ele começa a acalmar-se. "Inspirando, acalmo as atividades do corpo e da mente." Você acalma seu sentimento só por estar com ele, como uma mãe segurando ternamente o filhinho que chora. Ao sentir a ternura da mãe, o neném se acalma e pára de chorar. A mãe é sua mente alerta, nascida das profundezas da sua consciência, e ela tratará do sentimento da dor. A mãe que segura o bebê forma uma unidade com ele. Se a mãe estiver pensando em outras coisas, a criancinha não se acalmará. A mãe tem de abandonar as outras coisas e apenas segurar seu filhinho. Por isso, não evite seu sentimento. Não diga, "Você não é importante. Você é só um sentimento." Passe a formar uma unidade com ele. Você pode dizer, "Expirando, acalmo meu medo."
O quarto passo é largar o sentimento, soltá-lo. Graças à sua calma, você está à vontade, mesmo em meio ao medo; e sabe que esse medo não vai crescer e se transformar em algo esmagador. Quando você se descobre capaz de tomar conta do seu medo, ele já está reduzido a um mínimo, tornando-se mais brando e menos desagradável. Agora você pode sorrir para ele e deixá-lo partir, mas por favor não pare por aqui. Acalmar e largar um sentimento são apenas curas para os sintomas. Você agora tem a oportunidade de se aprofundar e trabalhar na transformação da raiz do seu medo.
O quinto passo é olhar profundamente. Você examina em profundidade o seu bebê — seu sentimento de medo — para ver o que está errado, mesmo depois que o bebê parou de chorar, mesmo depois que o medo se foi. E impossível segurar uma criança no colo o tempo todo. Por isso, você deve examiná-la para ver a causa do que está errado. Com esse exame, você verá o que o ajudará a começar a transformar o sentimento. Você perceberá, por exemplo, que seu sofrimento tem muitas causas, internas e externas ao seu corpo. Se há algo de errado em volta dele, se você conserta a situação, com carinho e cuidado, ele se sentirá melhor. Ao examinar seu bebê, você verá os elementos que o estão fazendo chorar. Ao vê-los, você saberá o que fazer e o que não fazer para transformar o sentimento e se sentir livre.
Esse processo é semelhante ao da psicoterapia. Em companhia do paciente, o terapeuta observa a natureza da dor. Muitas vezes, o terapeuta pode revelar causas de sofrimento que se originam da forma pela qual o paciente encara a vida, das opiniões que ele tem sobre si mesmo, sobre a sua cultura e o mundo em geral. O terapeuta examina esses pontos de vista e essas opiniões com o paciente, e juntos eles colaboram para libertá-lo daquele tipo de prisão em que estava. No entanto, o esforço do paciente é crucial. O professor deve trazer à luz o professor que existe dentro do aluno; e o psicoterapeuta deve trazer à luz o psicoterapeuta que está no íntimo do seu paciente. O "psicoterapeuta interno" do paciente poderá então trabalhar em tempo integral de uma forma muito eficaz.
O terapeuta não trata do paciente simplesmente lhe repassando um outro conjunto de opiniões. Ele tenta ajudar o paciente a perceber que tipos de idéias e de crenças levaram ao seu sofrimento. Muitos pacientes querem se ver livres dos sentimentos dolorosos, mas não querem se livrar das opiniões, dos pontos de vista que são as verdadeiras raízes dos seus sentimentos. Portanto, o terapeuta e o paciente têm que trabalhar juntos para ajudar o paciente a ver as coisas como elas são. O mesmo vale para quando recorremos à plena consciência para transformar nossos sentimentos. Depois de reconhecermos o sentimento, de nos tornarmos unos com ele, de o acalmarmos e de o largarmos, podemos examinar suas causas em profundidade. Elas muitas vezes se baseiam em percepções incorretas. Assim que compreendemos as causas e a natureza dos nossos sentimentos, eles começam a se transformar.
(Thich Nhat Hanh. Paz a cada passo: como manter a mente desperta em seu dia-a-dia.
Consultoria de coleção de Alzira M. Cohen, tradução de Waldéa Barcellos,
prefácios de S.S. o Dalai Lama e Odete Lara. Coleção Arco do Tempo.
Rio de Janeiro: Rocco, 1993. Pág. 73-79
17 de setembro de 2010
Dalai Lama - Citação
16 de setembro de 2010
Vacuidade e compreensão sobre karma
(newsletter Blog Samsara)
Posted: 15 Sep 2010 08:04 AM PDT
Dilgo Khyentse Rinpoche (Tibete, 1910 – Butão, 1991)A menos que você tenha entendido a lei do karma, dizer que você realizou a visão se torna uma mentira.Sem compreender o princípio de causa e efeito kármicos, qualquer prática do Dharma que você fizer será simplesmente uma imitação do artigo autêntico. Como costuma ser dito, “a visão deve ser tão elevada quanto o céu, mas a conduta precisa ser mais refinada que farinha”.
(Zurchung Sherab Trakpa, Tibete, séc. 11)
Quando você se encontra a ponto de cometer mesmo a menor das ações negativas, você não deve se atrever porque sabe que isso causará sofrimento. E se tiver a oportunidade de executar mesmo uma minúscula ação positiva, você deve ansiosamente fazer isso, sabendo que irá ajudá-lo a acumular mérito e progredir em direção à liberação.
Por outro lado, não será de ajuda nenhuma pensar que ações negativas não importam porque podem ser purificadas por confissão ou porque, devido à sua arrogante visão, não há tal coisa como positivo ou negativo, bom ou ruim. Um praticante que tenha realmente compreendido a vacuidade na natureza de tudo tem espontaneamente uma compreensão muito mais clara da interdependência e está convencido de que ações inevitavelmente produzem efeitos.
Dizer que realizou a visão, sem compreender a lei de causa e efeito, é uma mentira, assim como dizer que não há necessidade de evitar ações negativas e adotar positivas. É por isso que Shechen Gyaltsap aponta:
Você precisa dominar o ponto essencial de que a vacuidade se manifesta como causa e efeito.Quanto mais completa for a realização da vacuidade, mais claramente se vê a relação infalível entre causa e efeito dentro da verdade relativa.
“Zurchungpa’s Testament”, II | 10
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15 de setembro de 2010
Que felicidade você quer?
Coisas da vida:
- sabe aquele emprego que você tanto almejava? Agora é dele e do seu chefe que você tanto quer se livrar;
- aquela linda e carinhosa namorada, com a qual você passou anos radiantes e felizes, agora é o ser que você gostaria de ver longe o mais rápido possível;
- aquele carro que fez teus olhos brilharem na concessionária, que você tanto sonhava ter e finalmente conseguiu, é hoje a fonte da sua dor de cabeça, porque você não está conseguindo vendê-lo por um bom preço;
- o apartamento mobiliado, que lhe rendeu tantos longos sorrisos quando você o conquistou, agora parece um fardo, pois você tem que se mudar para outra cidade e precisa se desfazer dos pertences de alguma forma;
- a foto de um ser amado causava-lhe calafrios de felicidade e agora você não consegue nem olhar para a foto. Aliás, você já pensou várias vezes em rasgá-la.
O que há de comum em cada uma dessas historinhas tão corriqueiras em nossas vidas? O simples fato de que aquilo que um dia nos fez feliz, com certeza nos trará algum tipo de sofrimento. É quase matemático: o sofrimento virá na mesma medida e intensidade da felicidade, ensinam os mestres. A vida nos enche de tantos exemplos disso, e, mesmo assim, a maioria de nós nem desconfia desse fato. Como pode uma simples foto ser adorável e depois de um tempo detestável? Nada mudou na foto, certo? Mas o que mudou, então? Mudaram nossas disposições internas! Se nossas disposições internas mudam, aquilo que consideramos fonte de nossa felicidade hoje, amanhã pode já não ter mais esse poder!
Haveria então algum tipo de felicidade, que não trouxesse o sofrimento “de brinde”?
Para a nossa alegria essa felicidade existe! VIVA! Mas não é uma felicidade baseada em condições, é alguma outra coisa que não conhecemos bem. E é justamente isso que o Budismo ensina: a alcançar a felicidade plena, e não a felicidade usual que estamos habituados a buscar. A felicidade usual é como um presente de grego, é uma farsa, uma fraude, porque tem prazo de validade, é temporária, já que logo adiante nos traz sofrimento, pois nos desencantamos com as coisas. Essa felicidade usual está dentro do que o Budismo chama de Roda da Vida, que nos leva inevitavelmente ao sofrimento. É tão certo como 2 + 2 = 4.
Entendido isso? Então, um passo importante agora seria não passar para o próximo passo, mas tentar compreender melhor essa história da felicidade.
Em geral, as línguas ocidentais chamam de “bom” aquilo que é positivo ou que traz prazer e de “ruim” aquilo que é negativo ou prejudicial. Pois existe uma palavra em páli que contém nela mesma o significado de felicidade e de sofrimento. Trata-se da palavra dukkha, que significa felicidade e sofrimento juntos, isto é, não há felicidade, que não traga junto com ela a semente do sofrimento. Isso pode parecer estranho para nós, porque não temos esse termo no nosso idioma, então achamos que o referente do termo não exista. Mas existe! Basta observarmos! Esse não é um dogma religioso, no qual os budistas acreditam cegamente e por isso são budistas. Basta olharmos para nossas vidas, para as coisas mais comuns do dia-a-dia, que acharemos muitos exemplos de dukkha. Aqueles casos citados acima, todos são dukkha!
Então, ao observamos essa felicidade que estamos buscando, essa felicidade condicionada, percebemos que lá pelas tantas ela nos trará algum tipo de sofrimento: quanto mais alto o salto, maior a queda.
Já ficamos como que avisados, e, quando o sofrimento de fato chega, não “nos pega” tão de surpresa, porque já sabíamos que viria! Diz-se que essa felicidade é condicionada, porque depende sempre de condições flutuantes. Colocamos sempre um “se”, isto é, um condicionante antes de nossas aspirações: se eu comprar aquela casa…, se ele ficar comigo…, se eu emagracer…, se fulano parar de me encher a paciência…, se não estivesse frio…, se eu morasse em tal lugar…
Esse “se” nos faz seres constantemente insatisfeitos, que pensam que mudando a configuração externa das coisas vão dar um jeito de eliminar o sofrimento.
Ao final do doce gostinho de dukkha, vem, inevitavelmente, o amargo gosto de dukkha. Aí fazemos cara feia e ficamos deprimidos, porque ignoramos o fato inevitável de que toda a experiência de felicidade condicionada trará algum tipo de sofrimento. TODA, sem exceção!
Aí o Budismo vem e diz: Se você realmente reconheceu que a felicidade condicionada traz o respectivo sofrimento condicionado, você pode optar por uma OUTRA felicidade, que não traga o sofrimento embutido. É simples assim.
Aí perguntamos com caras cheias de esperança: E que felicidade seria essa? Como encontrá-la? O que eu tenho que fazer?
Então os mestres nos explicam minuciosamente, com métodos detalhados, passo a passo, como alcançar essa OUTRA felicidade, que não traga sofrimentos de brinde.
Enquanto vamos seguindo no caminho em busca dessa felicidade plena, podemos sorrir diante das nossas aspirações de felicidade comum. “É pelo riso que liberamos nossas fixações, que tiramos a solidez das coisas”, nos lembra Lama Samten incansavelmente. Podemos rir das situações-dukkha que vivenciamos. De tanto rirmos, de tanto percebermos que essa felicidade comum e autocentrada que buscamos não nos levará a lugar nenhum, reforçaremos nossa motivação para seguir um caminho espiritual.
São infinitos os exemplos de dukkha que achamos em nossas vidas, mas quero compartilhar um com vocês, para que possam rir também. Há uns anos atrás eu tinha tempo, mas não tinha dinheiro para fazer retiros. Na época eu pensava: “ah, se eu tivesse dinheiro…” Agora tenho dinheiro, mas não tenho tempo! É engraçado! Boa e velha dukkha!
Se você tiver situações-dukkha que queira compartilhar para que todos possamos rir juntos escreva um comentário.
Fonte : newsletter Blogsattva (via e-mail)
14 de setembro de 2010
13 de setembro de 2010
Armadilha da impaciência
Sempre que desejamos que a vida seja diferente do que é, somos pegos pela impaciência. Perdemos nosso senso de humor; e a auto-piedade, desespero e a atribuição de culpa se infiltram no coração.Michele McDonald
O autodomínio gentil inclui o espírito do perdão. Quando sentimos um conflito com os outros, compreender seu sofrimento é o primeiro passo para sermos capazes de nos comunicar, perdoar e começar de novo.
A prática do perdão acontece quando conseguimos compreender a causa fundamental de nossa raiva e impaciência, e isso nos permite diferenciar entre a falta de habilidade no comportamento de alguém e a sua bondade essencial.
Serenidade e calma se desenvolvem assim que aprendemos a aceitar a imperfeição nos outros e em nós mesmos.
Tricycle, verão de 2005 (Tricycle’s Daily Dharma, 25/11/2009)
Imagem: Google
Fonte: Newsletter Blog Samsara
11 de setembro de 2010
Expectativa de transformação
O objetivo da prática é subjugar nossos próprios fluxos mentais. Geralmente, especialmente no Ocidente, é muito comum as pessoas pensarem que, assim que você vira budista, isso de algum modo trará uma mudança extraordinária, como se transformar em um bodisatva da noite para o dia.Gyatrul Rinpoche (China, 1924 ~)
Isso não é verdade para nada no mundo. Por exemplo, ao entrar na escola, você não se torna de repente um médico ou outra coisa. Isso só acontece gradualmente. Contudo, sem consciência disso, as pessoas às vezes apontam para alguém e dizem: “Ah, ele tem sido um budista por tantos anos, como pode ter feito isso?”.
Essa história toda de “tantos anos” não é nada demais. Nós temos reforçado nossas aflições mentais por muitas e muitas vidas. Estamos lidando de fato com um oceano de aflições mentais. Praticar o Dharma por muitos anos é bom, mas não espere transformações radicais extraordinárias mesmo se você tem praticado por bastante tempo.
Mudanças acontecem aos poucos. É um erro esperar que transformações fantásticas vão acontecer se você se tornar budista e praticar o Dharma por um tempinho.
“Natural Liberation”, parte 1 | 2
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