3 de agosto de 2011

Reconhecer a vacuidade dos pensamentos


A mente ordinária é caprichosa como um macaco incansável:

instantaneamente feliz quando damos a ele um pouco de comida e repentinamente furioso no momento em que o ameaçamos com uma vara.

A todo instante a mente se move para algo novo. Em um momento podemos pensar no guru com grande devoção, no próximo estamos ansiando por algum objeto desejável. Essas sequências de pensamentos e estados mentais estão constantemente mudando, como as formas das nuvens ao vento, mas mesmo assim damos grande importância a elas.

Um velho homem vendo crianças brincarem sabe muito bem que o que quer que esteja acontecendo não tem nenhuma importância e não se sente nem entusiasmado nem perturbado com o jogo delas. As crianças, contudo, levam isso muito a sério.

Como elas, sempre que vivenciamos sofrimento, em vez de encará-lo como o resultado — semelhante a um sonho — de nossas ações passadas negativas e fazer disso uma oportunidade para tomar sobre nós o sofrimento dos outros, nos sentimos perturbados e deprimidos. Dizemos a nós mesmos que como já fizemos tanta prática realmente não merecemos tal angústia, e começamos a sentir dúvidas em relação às bênçãos do mestre e das Três Jóias. Tal atitude só pode ampliar nossas dificuldades.
É a mente que cria samsara e nirvana. E ainda assim não é nada demais, são apenas pensamentos. Uma vez que reconheça os pensamentos como vacuidade, a mente não mais terá o poder de te enganar. Mas enquanto tomar seus pensamentos iludidos como reais, eles continuarão a te atormentar sem piedade, como têm feito através de incontáveis vidas passadas.
Para ganhar controle sobre a mente, você precisa estar consciente sobre o que fazer e o que evitar, e também precisa estar bem alerta e vigilante, constantemente examinando seus pensamentos, palavras e ações.
Dilgo Khyentse Rinpoche (Tibete, 1910 – Butão, 1991)
“The Heart Treasure of The Enlightened Ones”, v. 38