21 de outubro de 2009

EXIBIÇÃO DESNECESSÁRIA

A vida dos grandes praticantes demonstra, repetidas vezes, que para manter a prática do Darma uma pessoa não precisa renunciar ao mundo. Tampouco é preciso renunciar ao Darma para se manter envolvido com as atividades do mundo. É possível integrar ambas as coisas em uma única vida. Gradativamente, novas prioridades e um equilíbrio necessário aparecem.


Em minha vida, testemunhei quatro pessoas alcançarem o corpo de arco-íris na hora da morte; elas não moravam em monastérios, mas viviam com suas famílias. Quando tinha vinte e dois anos, presenciei um homem alcançar o corpo de arco-íris, e a maioria das pessoas sequer sabia que ele fazia prática espiritual. Não há necessidade alguma de qualquer exibição externa para se obter êxito no caminho espiritual. Não é o corpo que alteramos para nos tornarmos iluminados -- é a mente.


Você pode adotar o estilo de vida de um eremita, abandonar sua preocupação com comida, roupa, ri queza, amigos, família, lar e mudar-se para uma montanha, dedicando-se inteiramente à meditação. Esse é um modo perfeitamente válido. No Vajraiana, porém, há um outro modo. Sua vida externa continua com a forma habitual. Você não deixa sua casa, não renuncia a nada, mas nunca se aparta da virtude, nunca se separa do Darma, da intenção de trazer benefícios ou da sabedoria.


Chagdud Tulku Rinpoche (Tibete, 1930 - Brasil, 2002)
"Portões da Prática Budista", V | 23