31 de agosto de 2010

A estrutura moral fundamental do budismo

     A estrutura moral ou cármica fundamental do Budismo é uma lista de dez
virtudes e dez não-virtudes.
Esses ensinamentos cobrem a maioria dos problemas comuns da vida.

O comprometimento com um ato prejudicial ou não-virtuoso planta uma semente que pode potencialmente produzir um impacto negativo quando amadurecer na corrente mental nesta vida e nas seguintes. Nessa lista de dez, existem três atos perniciosos do corpo, quatro da fala e três da mente.

Os três do corpo são a MORTE INTENCIONAL, o ROUBO e a MÁ CONDUTA SEXUAL. 


Estas três não-virtudes são negativas porque causam dano e sofrimento. Os maus atos físicos são comportamentos sobre os quais podemos tomar decisões a respeito;em geral, podemos decidir não realiza-los. Não existe nada de metafísico aqui.


Os quatro atos seguintes estão ligados a fala e são mais difíeis de serem reconhecidos e tratados do que as não-virtudes físicas. O primeiro é a FALA ÁSPERA E ABUSIVA. 
As não-virtudes da fala são difíceis porque, como disse o Buda, nada no mundo é mais rápido do que
a mente; mas a boca vem logo em seguida. Uma fala áspera provoca uma aflição mental e frequentemente desperta a raiva, algumas vezes o apego ou a ilusão, transformando a fala em uma arma sutil e sofisticada, ocasionalmente mais prejudicial do que um soco no queixo.. A fala áspera inclui o sarcasmo. Os tibetanos comparam o sarcasmo com atirar uma pedra envolta em uma lã macia ela é inicialmente confundida com uma bola de pelúcia amigável até atingir o alvo.


O segundo tipo de não-virtude verbal é a MENTIRA.. Mentir é dizer intencionalmente o que não é verdade e pode ter várias motivções. A CALÚNIA, ou FALA QUE DIFAMA, é a terceira não-virtude, e é um tipo
interessante. A calúnia pode ser uma espécie de mentira ou a verdade simples aliada a uma motivação para causar dano ou criar um conflito.


A CONVERSA OCIOSA, a quarta não virtude verbal, é considerada a mais leve de todas as 10 não-virtudes, mas, como observou um dos meus lamas, é a maneira mais fácil de gastar uma vida inteira.. A conversa ociosa é a fala motivada por aflições mentais, como o apego, a raiva, a inveja, o orgulho e a  ilusão. O efeito decorrente da conversa ociosa, ou fofoca é pior do que a simples perda de tempo; ela reforça as aflições mentais e acumula carma negativo.


O próximo grupo na lista das dez não-virtudes é composto pelas três não-virtudes da mente. A primeira é a MALíCIA.. A malícia é a intenção de causar dano.
A AVAREZA, o ANSEIO PELAS POSSES de outra pessoa, é a segunda não-virtude da mente.
A terceira das não-virtudes da mente é AGARRAR-SE A FALSAS VISÕES, que é tida como a mais perniciosa de todas as 10 não-virtudes. "As falsas ilusões" se refere a conceitos errados sobre a natureza da realidade. Um exemplo de falsa visão é acreditar que as ações não tem consequencias morais.


Paralelo a lista Budista das dez não-virtudes existe a lista das DEZ VIRTUDES. Elas são o oposto correspondente das não-virtudes. Por exemplo, a virtude oposta a matar é PROTEGER A VIDA, e a virtude
correspondente a fala àspera é a FALA GENTIL.


Todos os atos virtuosos e não-virtuosos deixam impressões na corrente da mente que são sementes cármicas potentes que amadurecerão nesta vida ou em outra vida futura. Quando o carma é embebido em uma corrente de consciência, ele é levado de uma vida para a outra, até ser catalisado. Assim como a semente de uma planta permanece adormecida no deserto por décadas e explode em vida ao primeiro contato com a água, uma semente cármica pode permanecer adormecida por um longo tempo, vida após vida, até que um catalisador acione seu amadurecimento.


Extraído do livro BUDISMO COM A TITUDE, de B. Alan Wallace, Ed. Nova Era.

30 de agosto de 2010

Certezas Subjetivas


Suas certezas são totalmente subjetivas – já pensou nisso?

O que é ter sabedoria? Vamos usar o exemplo de uma criança que tem um amigo imaginário: sabemos que esse amigo não existe, apesar de precisar um lugar à mesa, ser incluído e ter atenção. Agimos de forma generosa, sendo simpáticos e bem-humorados em relação a ele. Sabemos que a verdade desse amigo é uma verdade incidental à idade daquela criança. Assim que ela ficar um pouco mais velha, vai saber que aquele amigo era apenas sua imaginação.

Por enquanto, é difícil para aquela criança compreender que seu amigo é, na verdade, sua mente e não alguém real. Mas nós vamos tentar guiá-la, ajudando-a a crescer e a compreender, aos poucos, a diferença entre o que é verdadeiro e o que é apenas a experiência de sua mente. É essa a tarefa dos grandes mestres em relação a nós. Colocamo-nos sob orientação deles para que nos apresentem à no ssa mente e para que possamos compreender a diferença entre a realidade e o que achamos ser a realidade. Nossa percepção da realidade é subjetiva, baseada no “eu” que observa. Somos sujeitos às limitações da percepção que temos sobre nossa vida. E isso não significa, de maneira alguma, que a vida seja limitada. Significa que nosso poder de detectar a vida é que está limitado. Como a criança que não entende que seu amigo não é real.

Sabedoria é ter uma experiência direta da nossa verdadeira natureza, ilimitada, com o uso da Meditação. Atualmente, a maioria de nós está carente de sabedoria. O mundo, como um todo, não funciona a partir da sabedoria. O mundo funciona a partir do ego, do desejo e da raiva –apesar da sabedoria estar sempre presente, e nunca ter se ausentado.

Este é o motivo pelo qual temos que ouvir os ensinamentos e nos aproximar de quem possui sabedoria: para que possamos aprender sobre sabedoria, praticar Medi tação sobre sabedoria e, assim, expor nossa sabedoria.

Precisamos expô-la para que possamos ser sabedoria para os demais –para que eles também possam alcançar a realização da verdadeira natureza da mente.

Por não termos essa compreensão total da realidade é que os mestres, os budas e os detentores da linhagem nos ensinam. E a primeira sabedoria que expõem é que a vida é sofrimento. Podemos já ter ouvido isso antes, mas realmente permitir que isso faça parte de nossa compreensão e aplicar essa idéia em nossa vida é uma coisa completamente diferente.

Ao assistir o noticiário da TV, você vê rapidamente que a vida é sofrimento. Há alguns momentos de felicidade e há grandes dificuldades: doença, envelhecimento e morte. A felicidade, quando se apresenta, é muito bem-vinda, é claro, mas não é passível de ser mantida –é impermanente. Em nossa experiência de querer manter os acontecimentos impermanentes do mundo, co mo a felicidade, por exemplo, nós sofremos um bocado. Só o que queremos é ser felizes e ficamos frustrados por não conseguirmos viver em constante felicidade.

Para que meditemos, é preciso de informação. Ouvir os ensinamentos e contemplá-los. Esses ensinamentos poderão expor muitas idéias e conceitos que você pode nunca ter nem ao menos considerado, como por exemplo:

· Você já considerou que sua percepção da vida pode ser totalmente subjetiva?

· Como você espera entender alguma coisa sobre uma outra pessoa, a não ser aquilo que você é capaz de entender?

E mesmo assim, nós julgamos as pessoas todos os dias –as pessoas de quem gostamos e as que não gostamos. E nem percebemos que tudo é a percepção de nossa mente sobre a outra pessoa. É nossa aprovação ou desaprovação de acordo com o que nossa mente consegue compreender. Não tem nada de objetivo nesse julgamento. Conseguimos ver a realidade apenas de uma maneira subjetiva e nem nos damos conta.
Estamos presos na percepção de nossa mente. Nós só vemos aquilo que conseguimos ver –e não o que é verdade.

Outro exemplo: meu cachorro, que se chama Pao Wo, vê todas as pessoas como inimigas. Se você tentar afagá-lo, ele vai mordê-lo. Essa é a percepção que tem da realidade e ele está preso nela. Ele pode se acostumar com algumas pessoas, mas, em um dia ruim, vai mordê-las também, porque repentinamente as vê como inimigas. Essa é a percepção dele. Esse é o carma dele.

Nós somos como o Pao Wo. Somos um pouco mais sofisticados, é verdade, mas também não entendemos a verdade. Estamos presos em nosso carma.

Então temos que ouvir os ensinamentos sobre a verdade. E esses ensinamentos devem ser aplicados à nossa própria mente. Como poderíamos compreender a real idade se não compreendemos nem a nossa própria mente?
Você aplica, então, esses ensinamentos à sua própria mente e depois os contempla: você, diligentemente, põe seu cérebro para funcionar. Ao pensar nos ensinamentos, você terá dúvidas, e ao perguntar ao professor e obter as respostas, você poderá compreender a realidade de uma forma mais ampla.

Imagem encontrada em : http://morel.weblog.com.pt/2005/12/



Fonte :  (enviado por Eliane Pacheco via e-mail )

AVISTAR O BUDA NÃO É NADA

Deparar-se com uma jóia preciosa
não é nada se comparado a encontrar uma vida humana preciosa.
Veja como aqueles que não se entristecem com o samsara
desperdiçam a vida!

Ganhar um reino inteiro
não é nada se comparado a encontrar um professor perfeito.
Veja como aqueles que não têm devoção
tratam o professor como seu igual!

Receber o comando de um país
não é nada se comparado a receber os votos de bodisatva.
Veja como aqueles que não têm compaixão
atiram longe os seus votos!

Governar o universo
não é nada se comparado a receber uma iniciação tântrica.
Veja como aqueles que não mantêm os samayas
jogam fora suas promessas!

Avistar o Buda
não é nada se comparado a ver a verdadeira natureza da mente.
Veja como aqueles que não têm determinação
afundam-se novamente na delusão!
Patrul Rinpoche (Tibete, 1808-1887)"As Palavras do Meu Professor Perfeito", 1ª parte | 1 | II | 4

28 de agosto de 2010

"A raiva é uma oportunidade para descansar na natureza da mente" Carta de Lama Tsering Everest a um aluno (7/6/2010)


Quando li sua carta, lembrei de uma história que aconteceu com o Joe (filho de Lama Tsering) e o (Chagdud Tulku) Rinpoche. Joe tinha uns 11 ou 12 anos, talvez. Sei que foi antes de eu entrar em retiro. Joe se aproximou de mim enquanto eu estava com Rinpoche, resolvendo algum assunto corriqueiro. Rinpoche olhou para o Joe e perguntou: "O que acontece quando você sente muita raiva?"


Joe se virou para mim, em pânico, implorando com os olhos: "Será que isso é uma pegadinha?" Eu disse a ele: "Vá em frente. Tudo bem responder com honestidade."


Depois de uma pausa cuidadosa, Joe respondeu: "Quando sinto raiva, eu fico tão grande como o céu e consigo fazer qualquer coisa." Rinpoche ouviu com atenção e, depois de pensar um pouco, disse: "Talvez você realmente seja, meu filho."


A raiva é uma energia. Sua essência é perfeita, assim como a essência de todas as coisas. A diferença está em como conduzimos a situação. Normalmente, a raiva é que nos conduz... Engasgamos, gritamos, fazemos planos. Polarizamos e alternamos entre brigar e sair correndo. Mas o melhor seria se simplesmente deixássemos como está... A raiva é uma oportunidade para descansar na natureza. É isso o que significa quando se diz que "os obstáculos são o caminho".


Lidamos com os venenos da mente de maneira diferente, dependendo do caminho seguido. No Hinaiana, evitamos. No Mahaiana, convertemos. No Vajraiana, reconhecemos e descansamos na essência perfeita das coisas.


Rinpoche explicou, certa vez, que a intensidade da experiência nos ajuda bastante. Simplesmente não conseguimos ignorar. Pelo contrário, quando uma emoção arrebatadora nos pegar, isso quer dizer que estaremos em nosso ambiente de prática. Em outras palavras, este nível de prática não aconteceria em outra circunstância.


A tentação com a raiva é expressá-la ou reprimi-la - sendo que ambas são reativas. Em vez disso, devemos admirar aquele Buda (disfarçado de vizinho, por exemplo) que nos deixou possessos, possibilitando-nos usar o momento para meditar sobre a vacuidade da raiva. Isso não faz com que a raiva vá embora. Por que teria de ir embora? É como se fosse um beijo: gentil, presente, sem julgamento. Livre. Ele passa, assim como a meditação, que dura apenas um determinado tempo. Até que algum outro Buda vai deixar você bravo novamente.


É por isso que se diz que devemos nos prostrar aos pés de nosso inimigo. Sem aquele cara, como é que poderíamos praticar este nível de meditação?
Com carinho,
Lama Tsering

  









Mais informaçãoes: http://www.odsalling.org/

27 de agosto de 2010

Pontos importantes



Não há um único ser senciente que, durante o curso de nossas vidas passadas, não tenha sido nossa mãe ou nosso pai, e que não tenha nos tratado com enorme bondade. Ao invés de discriminá-los, então, entre inimigos e amados, deveria ser bem natural que nós tivéssemos o mesmo sentimento de amor por todos os seres, assim como temos pelos nossos pais nesta vida. Cada um deles, sem exceção, deseja apenas encontrar felicidade, e mesmo assim, cegados pela ignorância, eles falham em reconhecer que a verdadeira causa dessa felicidade é realizar o Dharma. Igualmente, não há um único deles que queira sofrer, mas eles não reconhecem que a própria causa de seu sofrimento são as ações negativas. Simplesmente refletir sobre isto fará uma grande onda de compaixão surgir dentro de nossas mentes.

Entretanto, um mero sentimento de compaixão em si mesmo não é suficiente para ajudar todos os seres a realmente alcançarem o nível supremo da iluminação. Bem agora, obtivemos este precioso corpo humano, encontramos um Lama qualificado e, por recebermos suas instruções, atravessamos o limiar do Dharma. Então nos encontramos em um ponto crítico — podemos ir tanto para cima quanto para baixo. Nossa principal motivação agora deve ser o desejo de estabelecer todos os seres na iluminação completa. Mas, ao mesmo tempo, precisamos reconhecer que no presente simplesmente não possuímos a habilidade de liberar os seres do samsara. Portanto é essencial que nós primeiro aperfeiçoemos nosso potencial interior, junto com todas as suas qualidades. É com este tipo de atitude suprema — voltada para o benefício de todos os seres sencientes — que devemos nos empenhar com toda nossa força para receber os ensinamentos, refletir sobre eles e colocá-los em prática.

Que prática podemos fazer, então, para liberar todos os seres, para levá-los ao mais elevado nível de iluminação? No momento, temos este preciosíssimo corpo humano, que não é apenas um corpo físico comum, mas sim o suporte perfeito. Ele é dotado com as oito liberdades em relação às condições desfavoráveis e com as dez vantagens ou condições favoráveis, e então é conhecido como o "corpo humano que é como uma jóia". É isto que nos dá liberdade para praticarmos o Dharma.

Porém, ter este corpo não é, por si mesmo, suficiente. Precisamos usá-lo continuamente para praticar o Dharma, pois a morte pode golpeá-lo a qualquer momento. Um fato que precisamos realizar é como todos os fenômenos — tanto o universo exterior quanto todos os seres dentro dele — são completamente impermanentes. Eles passam como um clarão ou um relâmpago atravessando o céu, ou como uma cachoeira descendo, sem pausar nem por um instante. Assim como o universo exterior muda com a passagem das estações, de manhã à noite, de momento a momento, o mesmo é verdade para os seres humanos. Diz-se nos sutras:
O que quer que nasça vai morrer,
O que quer que se reuna vai se dispersar,
O que quer que se junte vai se separar,
O que quer que se eleve vai cair.
É por isto que devemos aproveitar agora a oportunidade desta vida humana, praticando para atingir a iluminação, ao invés de desperdiçá-la ao nos emaranharmos em afazeres e preocupações mundanas, sempre procurando sobrepujar nossos inimigos e proteger nossos parentes, ou procurando cuidar de nossos negócios, terras e propriedades. Lá estaremos, engrossados em todas estas atividades, quando subitamente a morte nos golpear. Então será muito tarde para praticar o Dharma.

Por mais belo que seja, você nunca irá seduzir o senhor da morte. Por mais rico que seja, você nunca poderá comprar nem mesmo um momento de vida. Por mais poder e influência que você exerça, toda a sua riqueza e atingimentos mundanos serão completamente inúteis no final. Apenas o Dharma poderá ajudá-lo no momento da morte.

Apesar de este ser um ponto crucial, simplesmente se lembrar da morte não é suficiente; agora, que temos boa saúde e liberdade tanto no corpo quanto na mente, precisamos canalizar nossa energia para praticar o Dharma. Devemos verificar, dia após dia, se não estamos gastando nossas vidas e que estamos fazendo cada esforço para misturar o Dharma — as instruções inestimáveis do Lama — com nosso fluxo mental.

Se formos capazes de fazer isto e se formos o melhor tipo de praticante, então na hora da morte devemos estar livres de todo medo e reconhecer o dharmakaya, a natureza absoluta. Se formos praticantes medianos, devemos ter a confiança de saber que não seremos deludidos por qualquer um dos fenômenos que aparecem no estado do bardo, e que então seremos capazes de atingir a iluminação. Se formos do tipo mais comum de praticante, pelo menos estaremos livre do arrependimento porque estaremos confiantes de termos feito o melhor que pudermos para praticar o Dharma e portanto não renasceremos nos reinos inferiores, mas sim encontraremos o suporte que precisamos na próxima vida para continuar nossa prática do Dharma.

O que devemos realizar é que no momento da morte seremos arrancados desta vida como um fio de cabelo que é retirado de um pedaço de manteiga, deixando tudo para trás, incluindo este corpo que consideramos tão querido. A morte não é como um fogo que simplesmente se extingue, ou como a água que desaparece quando cai na terra seca. Haverá o renascimento, e este renascimento será condicionado pelas nossas ações positivas e negativas. Se acumulamos ações negativas, renasceremos nos reinos inferiores. Por mais que desejemos renascer nos reinos celestiais, a menos que tenhamos nos preparado acumulando ações positivas, isto será completamente impossível. Como é dito: "Não há resultado que tenhamos experienciado que não tenha sido criado por ações passadas, e não há uma única ação presente que não produzirá fruto." Então nunca devemos sentir desdém em acumular até mesmo a menor quantidade de mérito e virtude, porque os resultados podem ser enormes. Nem devemos pensar que, se nos permitirmos fazer apenas uma pequena ação negativa, ela será de pouco ou nenhum significado.
Seguindo um Lama autêntico e tendo recebido suas instruções, devemos diferenciar com grande cuidado o que deve ser evitado e o que deve ser adotado, realizando que as ações negativas são a própria causa de nossa vagueação incessante no samsara.

É por isto que precisamos assegurar que todas as nossas ações são governadas pelos três princípios nobres. O primeiro é a preparação, que é a geração de bodhichitta — o desejo de realizar quaisquer ações ou de realizar qualquer prática que possamos fazer para o benefício de todos os seres sencientes. Isto liga nossa prática com os supremos meios hábeis. O segundo é a prática real, que é a concentração unidirecionada, livre de qualquer apego. Isto faz com que nossa prática seja invulnerável aos obstáculos. O terceiro é a conclusão, a dedicação de todo nosso mérito pelo bem de todos os seres. Isto faz o mérito de nossa prática continuar a aumentar até a iluminação. O próprio modo mais elevado de se dedicar as ações meritórias e positivas é fazer isso pela iluminação de todos os seres.

Com estes três princípios nobres como nosso guia, devemos constantemente nos esforçar para cultivar a bondade. Podemos acumular todos os tipos de virtude ou mérito mundanos, que pode nos trazer resultados temporários como longa vida ou riqueza, mas uma dia o fruto de todo este mérito se exaurirá e mergulharemos mais uma vez nos reinos inferiores. Mesmo para os seguidores do veículo fundamental, os shravakas e os pratyekabuddhas, poderem se libertar do samsara, eles levam um tempo extremamente longo, muito éons de fato, para alcançarem o estado búddhico. Através do caminho supremo do Mahayana, o grande veículo dos bodhisattvas, podemos atingir o estado búddhico rapidamente, pelo benefício de todos os outros.

Se verdadeiramente quisermos encontrar liberdade deste oceano de sofrimento, nada poderia ser mais vital que procurar uma fonte de refúgio correta, universal e última. Mas primeiro precisamos reconhecer a natureza do samsara porque, até e a menos que realizemos que o samsara é totalmente permeado pelo sofrimento, um forte sentido de renúncia nunca surgirá em nossas mentes. Apenas continuaremos pensando que o samsara é agradável e o pensamento de querer escapar dele nunca nem mesmo ocorrerá para nós. É por isto que é tão importante refletir profundamente sobre o samsara e realizar que estamos presos nele como pessoas nos confins de uma prisão. Não há qualquer modo de um prisioneiro poder escapar por sua própria força, mas apenas apelando para a ajuda de alguém em uma posição de maior poder. Exatamente do mesmo modo, precisamos da ajuda de alguém que tenha ido além do samsara.

Podemos nos perguntar, "Quando o samsara começou?" Ninguém exceto um buddha onisciente poderia apontar e dizer, "Este é o início do samsara". A delusão perpetuada no oceano de sofrimento do samsara tem vindo desde uma infinita série de vidas e continuará por éons se não fizermos algo para remediá-la. Como o Buddha disse no Sutra da Atenção Plena:
Se fôssemos empilhar os membros de todos os insetos
Que foram nossas corpos nas vidas passadas,
Eles formariam uma montanha mais elevada que o monte Meru.
O que os seres comuns falhar em reconhecer é que o samsara é nada mais que sofrimento. Eles são como pessoas aflitas com uma condição no olho que as faz ver uma concha branca como sendo amarela. Por mais que olhem, ele nunca a verão como branca.

Três tipos principais de sofrimento prevalecem no samsara: o sofrimento sobre sofrimento, o sofrimento da mudança e o sofrimento que tudo permeia. "Sofrimento sobre sofrimento" é quando uma experiência de sofrimento vem em cima da outra. Um bom exemplo seria o sofrimento continuamente renovado que é suportado nos infernos e nos outros reinos inferiores. "O sofrimento da mudança" é a mudança e flutuação constantes que acontecem entre os estados passageiros de felicidade e sofrimento. Alegria, riqueza e fama podem vir ao nosso caminho mas nunca durarão. Digamos, por exemplo, que em um amável dia de verão nós vamos a um piquenique com nossos amigos. Em um momento estamos sentados sobre a grama, relaxados, despreocupados e contentes, e então subitamente somos picados por uma cobra. Este é o sofrimento da mudança. O "sofrimento que tudo permeia" indica que o sofrimento permeia o samsara em sua inteireza e está sempre latente dentro dele. Mesmo aqueles que estão absortos nos estados de profundo samadhi nos planos superiores da existência, como os seres celestiais sem forma, não podem escapar do sofrimento. Quando o seu karma e os frutos de sua concentração forem exauridos, eles cairão mais uma vez nos reinos inferiores, porque de seus venenos interiores não foram erradicados.

Que refúgio podemos buscar por proteção e liberdade em relação a este oceano de sofrimento? Os objetos de refúgio comuns, como montanhas, estrelas, forças naturais ou indivíduos poderosos, que não estão livres do samsara, não podem nos oferecer proteção permanente e universal. Eles podem apenas nos desapontar. A única fonte suprema e infalível de refúgio — aquela que é completamente livre de qualquer parcialidade, livre de todo apego ou rejeição, e que possui uma compaixão universal diante de todos os seres — são as Três Jóias: o Buddha, o Dharma e a Sangha.

O Buddha manifesta-se como os três kayas e as cinco sabedorias, que compreendem todas as qualidades de ter abandonado o que tinha de ser abandonado, e de ter realizado o que tinha de ser realizado. O Dharma é o ensinamento dado pelo Buddha, que mostra o caminho e conduz à cessação do sofrimento. A Sangha é a comunidade virtuosa, datada com todas as qualidades nobres do entendimento e da liberação.

No nível mais interno, as Três Jóias estão todas reunidas no mestre, ou Lama: seu corpo é a Sangha, sua fala é o Dharma e sua mente é o Buddha. Ele é como uma jóia que realiza desejos, a união infalível de todas as fontes de refúgio, sua natureza absoluta está além da mente intelectual. Lembrar do Lama é o mesmo que lembrar de todos os buddhas. É por isto que, se confiarmos totalmente nele, apenas isto já abraçará todo o significado e objetivo do refúgio.

Então, o principal caminho para a iluminação é a geração de bodhichitta. Até agora temos segregado inimigos e amigos, aqueles que queremos rejeitar e aqueles que queremos atrair. Mas agora devemos pensar que todos os seres, sem qualquer discriminação, como sendo como nossos próprios pais que têm nos mostrado a maior bondade. E se pararmos de pensar sobre o quão bons os nossos pais têm sido para nós — o quanto eles nos vestiram, nos alimentaram e devotaram todo o seu tempo para o nosso benefício e bem-estar — então nosso desejo e resposta naturais será apenas o de mostrar nossa gratidão.

Todos os seres querem atingir a felicidade e evitar o sofrimento, mas como não sabem como fazer isso, o que todos fazem é causar mais sofrimento para eles mesmos. Tudo o que fazem corre contra a realização de seus desejos. A fim de livrar todos eles do sofrimento e conduzi-los à iluminação, devemos não apenas fazer surgir um forte sentimento de compaixão por eles em nossas mentes, mas também devemos agir sobre ele e nos esforçar para colocá-lo em prática através das seis perfeições. As seis perfeições são: dar com generosidade, manter a disciplina, meditar sobre a paciência, esforçar-se com diligência, descansar em equanimidade e realizar o não-eu através da sabedoria do discernimento.

Apêndice

As oito condições desfavoráveis das quais estamos livres: [1] nascer no reino do inferno, [2] no reino dos fantasmas famintos, [3] no reino dos animais, [4] no reino dos deuses, [5] entre os bárbaros, [6] entre aqueles que têm visões errôneas, [7] em uma era na qual nenhum buddha veio, [8] sem todas as faculdades intactas.

As dez condições favoráveis ou vantagens: as cinco primeiras são intrínsecas — [1] nascer como um ser humano, [2] em uma terra onde o Dharma pode ser encontrado, [3] com todas as faculdades intactas, [4] sem um estilo de vida negativo e [5] com fé nas Três Jóias. As outras cinco são externas — [6] o Buddha veio, [7] ensinou o Dharma, [8] o Dharma ainda existe, [9] ele é praticado e [10] somos guiados por um mestre espiritual.




Dilgo Khyentse Rinpoche. Guru Yoga: according to the preliminary practice of Longchen Nyingtik: an oral teaching by Dilgo Khyentse Rinpoche. Traduzido por Matthieu Ricard; editado por Rigpa. Ithaca: Snow Lion, 1999. Pág. 21-27.

26 de agosto de 2010

Tratar os seres com a mesma bondade

[…] aprendi a desenvolver a equanimidade contemplando o ensinamento de Buda, que diz que por infinitos ciclos de renascimentos todos os seres — em número ilimitado — foram nossa mãe ou nosso pai. Na verdade, ninguém nos é desconhecido; já fomos tão íntimos de cada ser — e não apenas uma vez, mas muitas — quanto somos próximos de nossa própria mãe. Seja qual for o papel que alguém desempenhe em sua vida atual, essa pessoa já foi algum dia a sua mãe.
Somos todos como atores em uma peça de teatro que se confundiram com suas personagens; por isso, vemos uns aos outros como amigos ou inimigos. Uma vez que compreendamos isso, é irrelevante se as pessoas são conhecidas ou desconhecidas, feias ou bonitas, amáveis ou não.
Em vez de classificar as pessoas, podemos aprender a superar os limites da nossa compaixão e a tratar todos os seres com a mesma bondade, com paciência e compaixão, ao invés de raiva ou apego.
Chagdud Tulku Rinpoche (Tibete, 1930 – Brasil, 2002)
Para abrir o coração“, cap. 3


Padmasambava, que alcançou o kaya da imortalidade, através do conhecimento, do amor e do poder da assembleia infinita das Três Raízes, que a emanação suprema do poderoso Senhor da Dança tenha uma vida estável e leve suas atividades iluminadas à perfeita consumação.
(prece para a longa vida de Chagdud Yangsi, reconhecido como a reencarnação de Chagdud Rinpoche, em fevereiro no Tibete)

FONTE:(  http://samsara.blog.br/2010/03/tratar-os-seres-com-mesma-bondade/ )

Reencarnação de Chagdud tulku Rinpoche

Ano do Tigre de Metal, 2137 

O Chagdud Gonpa Brasil deseja a você toda a prosperidade mundana e espiritual no
Ano do Tigre de Metal (14 de fevereiro 2010—5 de fevereiro de 2011).

Aqui no Khadro Ling a sanga está  muito feliz com o anúncio feito por
Jigme Tromge Rinpoche de que o tulku do nosso amado professor
Chagdud Tulku Rinpoche foi reconhecido por
Khenpo Ngagchung do Nyoshul Gonpa.


 
Nosso professor—o foco de muitas das nossas preces e aspirações—está bem, seguro e cercado de mestres do Darma no Tibete.

Agora, com confiança e alegria, pratique pelo bem estar do tulku e de todos os seres. Que a nossa conexão com ele seja cada vez mais profunda!

No Darma, Com profunda afeição e com meus melhores votos,
Chagdud Khadro

PDF da prece de longevidade para o Yangsi de Chagdud Tulku Rinpoche.

 

"Reencarnação (yangsi) de Chagdud Tulku Rinpoche!


Querida sangha! É com grande alegria que comunicamos que Jigme Tromge Rinpoche, durante as comemorações do Losar, anunciou o reconhecimento do tulku de Chagdud Rinpoche. Informamos que, até nova comunicação, passaremos a fazer a prece de longa vida escrita por Jigme Rinpoche, no lugar da prece de pronto renascimento.

Prece para a longa vida do yangsi de Chagdud Tulku Rinpoche

TCHI ME KU NYE PE MA SAM BA UA

TSA SUM RAB DJAM TCHEN TSE NÜ PA YI

GAR DJI UANG TCHUG TCHOG GUI TRUL PE KU

KU TSE TEN TCHING DZE TRIN TAR TCHIN SHOG

Padmasambava, que alcançou o kaya da imortalidade: por meio do conhecimento, do amor e do poder da assembléia infinita das Três Raízes, que a emanação suprema do poderoso Senhor da Dança tenha uma vida estável e leve suas atividades iluminadas à perfeita consumação.

Na ocasião auspiciosa do Losar do ano do tigre de metal, Jigme Tromge Rinpoche fez pequenas modificações na prece de longa vida de Chagdud Rinpoche (1930-2002), escrita por S.S. Dilgo Khyentse, adaptando-a para o yangsi de Chagdud Rinpoche."

 

Fonte :  ( http://pemalodro.blogspot.com/2010/02/reincarnacao-yangsi-de-chagdud-tulku.html )

Histórias de Chagdud Rinpoche - Site Senhor da Dança

I’m Here

Rinpoche and Phuntsog
Uma vez, eu e alguns outros praticantes estávamos varrendo o templo ainda em construção com a Khadro liderando a limpeza. De repente, o Rinpoche apareceu para verificar alguns detalhes e a Khadro disse: “Rinpoche, não fique aqui, está muito empoeirado, isso não é bom para você”. Ele disse “Ok” e saiu.
Minutos depois, o Rinpoche entrou de novo em passos rápidos, como uma criança – foi a única vez que vi o Rinpoche correr – e disse, numa voz bem aguda e desafiante: “I’m here!” (estou aqui!)
[Contada por Eduardo]




Padmasambava, que alcançou o kaya da imortalidade, através do conhecimento, do amor e do poder da assembleia infinita das Três Raízes, que a emanação suprema do poderoso Senhor da Dança tenha uma vida estável e leve suas atividades iluminadas à perfeita consumação.
(prece para a longa vida de Chagdud Yangsi, reconhecido como a reencarnação de Chagdud Rinpoche, em fevereiro no Tibete)



O trabalho como prática

Olá, por favor, leiam este maravilhoso texto que se encontra no site de Dzongsar Khyentse Rinpoche!

Fala sobre como oferecer nosso trabalho como prática espiritual.

copiem este link e colem em seu navegador:

http://www.budadeipanema.org/ensinamentos/o-trabalho-como-pratica.php

Que todos os seres possam se beneficiar!



 Abaixo: dicas de postura correta para as atividades de limpeza:
 http://www.assimvida.com.br/artigo.aspx?id=480 Fonte:  site de medicina e saúde - Assim Vida -            

Atividades como forma de meditação

Fonte: Site Revista Bons Fluidos -- Editora Abril
( http://bonsfluidos.abril.com.br/livre/edicoes/0108/02/02_04.shtml )
COZINHAR
É uma prática que pode ser feita quando estamos a sós na cozinha, preparando os alimentos. O segredo é prestar atenção plena em tudo o que fazemos, voltando para a atividade cada vez que nos perdemos nos pensamentos. Cortar legumes, misturar alimentos, provar, temperar, tudo pode ser feito com tranqüilidade. Sonia Hirsch, colunista de BONS FLUIDOS, escreveu um livro, Meditando na Cozinha (ed. Correcotia), só sobre essa arte.
TAREFAS DOMÉSTICAS
Certos afazeres, como lavar louça, encerar o chão e varrer, também convidam ao exercício da plena atenção. O monge budista americano Jack Kornfield depois de meditar durante anos em centros budistas asiáticos, se viu de novo diante das tarefas cotidianas ao voltar para os Estados Unidos. Não teve dúvida. Ao lavar o chão, além de se focar nos movimentos, imaginava que o seu coração, e de todos os seres, estavam sendo purificados. Escreveu o livro Depois do Êxtase, Lave a Roupa Suja (ed. Cultrix), com propostas de visualização para fazer durante as tarefas do dia-a-dia.
COMER
O próprio Buda elaborou regras para que a meditação continuasse na hora da comida. Nos mosteiros zens e no Centro de Meditação Shambhala (budismo tibetano), essas regras são postas em prática durante os retiros. Todos comem em conjunto, como numa dança, e cada detalhe tem um sentido. No dia-a-dia, é possível aplicar os princípios do orioki (comer meditando): silêncio, tranqüilidade, gestos calmos e atenção aos diversos sabores.
CAMINHAR, CORRER, NADAR, PULAR CORDA
Essas atividades pedem e estimulam a capacidade de concentrar. O monge vietnamita Thich Nhat Hahn ficou célebre com seu livro Meditar Caminhando (ed. Vozes), em que ele narra como perceber os passos e o corpo. Também indica algumas visualizações simples, como imaginar que a cada passo se abrem flores de lótus a nossos pés. Os princípios do monge vietnamita podem ser aplicados a vários esportes e atividades físicas.
FOTOGRAFAR, PINTAR, FAZER CERÂMICA, BORDAR
Alguns fazeres artísticos são pura atenção no aqui e no agora. A arte de fotografar meditando se chama miksang (“olho vivo”, em tibetano) e consiste em clicar o que captura a nossa atenção. Fazer haicais (poesia japonesa que em pouquíssimas palavras captura a essência de um momento) pode ser outra forma de meditar na ação. Já a comerciante paulista Christina Junghans medita enquanto faz rosários budistas (malas). Em cada conta, murmura um mantra. Quem os compra certamente já recebe uma boa energia.
PARA SABER MAIS

www.shambhala-brasil.org


Confira:
Almofada
Banquinho
Cadeira
Meditação
Atividades para meditar

25 de agosto de 2010

Fim da fronteira entre eu e outro

Compaixão não é apenas um sentimento de piedade e empatia, mas uma força ativa, uma energia fundamental que está incessantemente trabalhando para remover as causas do sofrimento.
Não se pode evitar seu surgimento, porque na realização da vacuidade não existem fronteiras entre a própria pessoa e os outros. Compaixão é sensibilidade absoluta, amor imparcial e preocupação ilimitada por tudo na existência. É a expressão exterior natural da bem-aventurança da iluminação. Mesmo na vida comum, quando estamos felizes e realizados, nos sentimos mais amorosos em relação ao mundo e queremos expressar esse amor.
Meios hábeis significam a aplicação da compaixão, a atividade iluminada que se esforça para remover o sofrimento e conduzir todos os seres conscientes em direção à suprema felicidade.
Francesca Fremantle
“Vazio Luminoso”, cap. 2
Eventos:

Textos relacionados:
  1. Sabedoria e compaixão
  2. Eu e outro
  3. Sofrimento e amor
Fonte: blog Samsara

Cerimônia de Salvamento de Vidas - Boas Notícias vindas de Odsal Ling

Salvamento de vidas no aniversário
de Chagdud Tulku Rinpoche


Mais de 400 mil vidas salvas!



Caranguejo passeia pela caixa de transporte antes
de ser liberado no mangue em Maceió




Este ano, para homenagear o aniversário de nascimento de Chagdud Tulku Rinpoche, no último dia 12 de agosto, organizamos um salvamento de vidas, orientados por Lama Tsering.

Foram 434.827 vidas salvas em São Paulo, Cotia, Santos, São Vicente, Rio de Janeiro e Maceió. Juntos, usamos todo o valor oferecido pelos membros da sangha, no total de R$ 2.112,91.

Salvamos minhocas (que seriam usadas como iscas para pesca), artêmias (usadas como comida viva para peixes de aquário), caranguejos, carpas, enguias, vieiras e camarões (vendidos para o consumo). Salvamos ainda um sabiá que havia sido capturado por uma gatinha, no dia do aniversário de Rinpoche.

Todo o mérito do salvamento das 434.827 vidas foi dedicado para o Yangsi de nosso mestre Chagdud Rinpoche - para que tenha uma vida longe e prosperidade e para que possa trazer benefícios para muitos e muitos seres.


Camarões sendo liberados em São Vicente (SP)


Vieiras soltas em Maceió (AL)



Minhocas liberadas no Parque Ibirapuera (SP) e em Cotia



Artêmias foram soltas em Santos e no Rio




Fonte: www.budismotibetano.org.br

24 de agosto de 2010

Expandir o Coração

Isso é o que deve ser feito pela pessoa com habilidade na bondade para alcançar o estado de paz. [...]

Que ela pense:
"Em alegria e segurança
Que os corações de todos os seres se regozijem.
Quaisquer seres na existência que respiram,
Independente se respiram bem ou mal,
Sem nenhuma exceção, grandes ou longos,
De tamanho médio ou pequenos e finos
Grossos ou os visíveis e invisíveis,
Habitando perto ou longe,
Que existam ou que virão a existir,
Que os corações de todos os seres se regozijem.
Que nenhum traia a confiança do outro
Ou demonstre qualquer ofensa,
Ou que na raiva, vingança,
Desejem o mal um para o outro."

Assim, como uma mãe que protege seu filho,
Sua única criança, com a própria vida,
Que ela estenda sem limites
Seu coração para cada ser vivo.
E assim, com amor por todo o mundo,
Que ela estenda sem limites
Seu co ração acima, abaixo, em volta,
Imaculado, sem nenhum mal ou ódio.
Buda Shakyamuni (Índia, séc. VI a.C.)

Ensinamentos sobre Meditação Shamata, com Ani Zamba Chozom

A Venerável Bhikkuni Ani Zamba Chözom nasceu em Londres em 1948, tendo vivido a maior parte de seu tempo na Ásia. É detentora de várias linhagens monásticas não apenas do Budismo Tibetano, mas também de tradições chinesas e coreanas, sendo uma das primeiras ocidentais a receber ordenação monástica nas linhagens citadas. Detém o título de Gelongma, ordenação máxima para uma monja budista.Não-sectária, Ani Zamba foi aluna de alguns dos mais renomados mestres budistas de diferentes tradições, incluindo S.S. o Dalai Lama e seus tutores, Kyabje Dudjom Rinpoche e Kyabje Dilgo Khyentse Rinpoche, entre outros.Sua abordagem do Budismo é bastante direta, auxiliando as pessoas a transcenderem suas crenças pessoais e se conectarem com a realidade dos fenômenos. Seus ensinamentos focam-se na percepção mental como sendo a causa da felicidade e do sofrimento; também como sendo um meio para a realização espiritual.Atualmente, Ani-la dá continuidade ao Projeto Visão de Dipamkara. O projeto dista 8 Km da cidade de Mucugê, na Chapada Diamantina, estado da Bahia.
O site do Projeto Visão de Dipamkara: http://www.dipamkaras-vision.org/

Podcasts: http://anizamba.podbean.com/



ENSINAMENTO DE SHAMATA
Venerável Monja Zamba Chozom.
 
....... A mente está extremamente agitada porque se encontra condicionada a sempre pegar as informações que passam pelas seis portas dos sentidos (os cinco sentidos normalmente reconhecidos, mais o pensamento). Esta é a forma pela qual a energia está programa para que a consciência capture as informações. Agora, quando tentamos acalmar a mente, percebemos que não é algo tão fácil, que precisamos ser pacientes e perseverar. Devemos nos aproximar bem vagarosa e calmamente, da mesma forma que treinamos um cavalo selvagem. Então, aos poucos, domamos o cavalo e damos a ele uma utilidade.
....... Temos que entender que não temos apenas o nosso corpo físico que podemos ver, mas temos também um corpo de energia sutil que não podemos ver. Esse corpo (de energia) é composto por 72.000 canais de energia que servem de suporte para a nossa respiração, nossa digestão, nossa circulação sangüínea, nosso crescimento, nosso movimento e nosso processo de pensamento. E, para que essa energia flua livremente e com sua máxima eficiência, nós adotamos uma postura específica, ao sentarmos, que nos oferece o apoio que o nosso complexo corpo/mente precisa para ser capaz de relaxar e focar a mente. Precisamos de disciplina e relaxamento, como a base de nossa prática, como ferramentas para um penetrante vislumbre nas funções mais profundas de nossa mente.
A posição física que adotamos tem 7 pontos:
1. A coluna precisa estar ereta, como se houvesse uma coluna de moedas empilhadas uma sobre a outra.
2. As pernas podem estar tanto posicionadas na postura do lótus, que é difícil para principiantes, quanto no meio lótus, com a direita sobre a esquerda.
3. As mãos podem ser tanto mantidas no mudra formal da meditação (forma onde você descansa a mão direita sobre a esquerda e faz um triângulo em volta do seu umbigo com os seus polegares) quanto pousadas sobre os joelhos.
4. Os ombros devem estar relaxados mas levemente para trás, para abrir o chakra do coração e deixar os ventos fluírem livremente.
5. O queixo deve ficar levemente retraído, posição que ajuda a manter a coluna reta, da base ao topo.
6. A boca fica ligeiramente entreaberta, com os maxilares relaxados e a língua podendo tocar gentilmente o palato ou descansar sem tocar o céu da boca (depende da prática).
7. Os olhos devem ser mantidos numa posição, da qual eles como que observem a ponta do nariz. Então colocamos um objeto à nossa frente e focamos nosso olhar a meio caminho entre nós e o objeto, como se estivéssemos focando o espaço, mas mantendo uma posição estável que não permite que os olhos se movam.
....... Eu aconselho que encontrem uma almofada, que nãos seja nem alta nem baixa. Uma almofada confortável é como um Mercedes Benz. Ela proporciona uma viagem agradável e confortável e remove a fadiga de permanecer sentado, caso a pessoa não tenha nenhuma experiência prévia de meditar, utilizando uma postura formal.
....... Então, utilizamos a nossa respiração como suporte para nossa prática de nos mantermos relaxados. Começamos por nos focarmos gentilmente no nosso processo de respiração enquanto o ar entra e sai do corpo. Primeiro, colocamos nossa atenção na entrada de nossas narinas, como se tivéssemos colocado lá um porteiro para observar os convidados que entram e saem. O porteiro não abandona seu posto, ele nem entra, nem sai com os convidados, apenas fica sentando, enquanto observa os convidados entrarem e saírem. Assim, nos mantemos cônscios e atentos ao nosso processo de respiração, a cada instante, sem sermos distraídos pelos objetos que surgem aos nossos sentidos.
....... Mantendo o foco na respiração, caso venhamos a nos distrair, gentilmente trazemos nossa atenção de volta para a respiração, quantas vezes forem necessárias.
....... No começo da prática, devemos nos esforçar, uma vez que a energia é muito agitada. Então, para nos ajudar a manter o foco, podemos contar a respiração. Fazemos isso contando cada ciclo de inspiração e expiração como uma unidade. Então, devagar, contamos até 21 respirações. Caso percamos a nossa atenção e venhamos a nos perder na contagem, recomeçamos novamente até que possamos nos manter focados, sem nenhuma distração, durante as 21 respirações.
....... Outra forma de fazermos isso é dizermos mentalmente: inspirando e expirando, até que percebamos que podemos manter nossa atenção em um ponto, sem muita distração.
....... Para principiantes, é importante praticar bastante, através de curtas sessões - 30 segundos aqui, 30 segundos ali - , ao longo do dia, até que nossa atenção possa relaxar cada vez mais na respiração e a mente torne-se cada vez mais calma.
....... Não devemos fomentar nenhuma expectativa em relação à prática pois, com isso, corremos o risco de criarmos esperanças e medos, o que não permite à mente relaxar e estar presente no momento.
....... Agora, a nossa mente assemelha-se a um macaco selvagem. Não podemos utilizá-la no seu máximo potencial pois ela está sempre pulando de um objeto para outro. Então precisamos domar esse macaco selvagem através da atenção sobre a respiração, várias e várias vezes. Então, pouco a pouco, perceberemos que ela está sob nosso controle e poderá ser utilizada de forma extremamente benéfica e eficiente para beneficiar a nós mesmos e aos outros. Vocês podem começar desta forma e mais tarde eu irei expandir a prática.
....... É bom alternar entre a disciplina de focar a mente, utilizando um objeto, e deixá-la completamente relaxada, sem nenhum objeto. Aqui, faço uma analogia sobre o ato de nos sentarmos, às margens de um rio, para vermos a água passar. Imagine que existem muitas folhas na superfície do córrego e, assim que elas se aproximam, nós a observamos de forma bastante desapegada. Não tentamos pegar nenhuma delas, julgá-las, compará-las: - esta é melhor que aquela. Buscamos apenas observar, de uma forma bastante aberta, o fluxo constante dos eventos mentais, assim como eles surgem e passam, a cada momento, não nos envolvendo com ou criando nenhuma das condições que estão em constante mudança. Simplesmente deixamo-las ser como são, em constante mudança, enquanto surgem e desaparecem.
.......Então, alternamos entre nos forcarmos na respiração por curtos períodos (talvez 21 respirações sem distração) e então descansamos a mente em sua abertura por alguns instantes, para em então começarmos mais uma vez.
....... Assim, aos poucos, o ambiente de nossa prática irá desenvolver-se para um ambiene que é tanto relaxado quanto atento.
 
Fonte : http://www.alemtemporeal.com.br/?pag=eventos&cod=1344

Qualidade de Vida que Criamos

      Se o primeiro fato verdadeiro é que a vida em geral não é fácil, certamente não devemos esperar que ver a natureza de nossa mente será algo simples. A natureza da mente de fato, em qualquer nível, não é muito óbvia. Até identificar e reconhecer corretamente o que é a mente é extremamente difícil. Só para começar a tentar ver já precisamos de forte motivação. Devemos ser claros sobre porque gostaríamos de ver a natureza de nossa mente.

A fundação para qualquer nível de motivação espiritual é levar a sério nós mesmos e nossa qualidade de vida. A maioria das pessoas acorda de manhã e vai para o trabalho ou escola, ou fica no lar cuidando da casa e das crianças. No final do dia, estão cansados e tentam relaxar: talvez bebendo uma cerveja ou vendo televisão. Uma hora vão dormir e, no dia seguinte, repetem a sequência. Gastam toda a vida tentando ganhar dinheiro, sustentar a família e ter qualquer diversão e prazer que cons igam.

Embora a maioria das pessoas não possa alterar a estrutura de suas vidas, elas sentem que também não podem mudar a qualidade de como vivenciam essa estrutura. A vida tem seus altos, mas também muitos baixos, todos bem estressantes. Sentem que são uma pequenina parte de um mecanismo sólido gigante, do qual não podem fazer nada. Então vão pela vida de modo mecânico, passivo, como passageiros de uma montanha russa que dura a vida toda, indo pra cima e pra baixo, assumindo que não apenas os trilhos, mas também a tensão e o estresse vivenciados nesse ciclo são partes inevitáveis dessa volta sem fim.

Já que tal experiência na vida de alguém pode ser bastante deprimente, apesar dos prazeres, é essencialmente vital fazer algo a respeito. Apenas beber até o esquecimento toda noite, ou procurar constantemente entretenimento e distração com música e televisão o tempo todo, ou jogar jogos de computador incessantemente para nunca ter de pensar na vida, nada disso vai eliminar o problema. Devemos nos levar a sério. Isso significa ter respeito por nós mesmos como seres humanos. Não somos apenas peças de uma máquina ou passageiros impotentes de uma volta pela vida -- às vezes suave, às vezes turbulenta. Precisamos, então, examinar mais de perto o que estamos vivenciando cada dia. E se percebermos que estamos estressados pela tensão de nossa cidade, casa ou escritório, não devemos apenas aceitar isso como algo inevitável.

Nossos ambientes de vida, trabalho e lar, incluindo as atitudes e comportamentos dos outros, apenas fornecem as circunstâncias com as quais vivemos nossas vidas. A qualidade de nossa vida -- o que nós mesmos, ninguém mais, está vivenciando agora mesmo -- contudo, é o resultado direto de nossas próprias atitudes -- de ninguém mais -- e o comportamento que elas geram.
Dalai Lama (Tibete, 1935 ~) e
Alexander Berzin
"The Gelug/Kagyu Tradition of Mahamudra"
(Dalai Lama Quote of The Week - Snow Lion)

Dica: Como usar o Zen


Lama Sherab Drolma ensina a maneira correta de usar o zen.
Clique no link abaixo para ver o vídeo:
 http://keepgoingmovies.blip.tv/#1525331

Poema da Renúncia


Dudjom Rinpoche

[enviado via e-mail por Ani Zamba Chözom]

Uma Grinalda de Pontos Essenciais aos Estudantes
Coração-essência dos Grandes Mestres

Lama-raiz, precioso e muito bondoso,

Senhor da mandala, único refúgio infalível e duradouro,
Acolha-me com sua compaixão!
Trabalho apenas por esta vida, sem manter a morte em mente,
Desperdiçando este livre e bem-dotado nascimento humano.

A vida humana, durando um instante, como um sonho —
Pode ser feliz, pode ser triste.
Sem desejar a alegria, sem evitar a tristeza,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Esta vida humana, como uma lamparina ao vento —
Pode durar muito, ou não.
Não deixando que a prisão do ego se intensifique,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Uma vida de luxúria, como uma aparição enfeitiçadora —
Pode vir a acontecer, ou não.
Com os modos dos oito Dharmas mundanos lançados como restos,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Todos estes subalternos, como um bando de pássaros numa árvore —
Podem me rodear, ou não.
Sem deixar que os outros me guiem pelo nariz,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Este corpo ilusório, como uma casa podre de cem anos —
Pode durar, pode virar poeira.
Sem me esforçar para conseguir comida, roupas ou remédios,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Este comportamento de Dharma, como um jogo de criança —
Pode continuar, pode parar.
Sem ser enganado por coisas que não importam,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Todos esses deuses e espíritos, como os reflexos em um espelho —
Podem ajudar, podem prejudicar.
Sem ver minhas próprias visões deludidas como inimigos,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Toda essa tagarelice confusa, sem vestígios como um eco —
Pode ser interessante, ou não.
Com as Três Jóias e minha própria mente testemunhando,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

As coisas que provam ser inúteis em tempos de necessidade,
Como os esgalhos de um cervo —
Posso conhecê-las, ou não.
Não colocando minha confiança apenas nas artes e ciências,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Estes presentes e dinheiro dados pelos fiéis, como um veneno mortal —
Posso recebê-los, ou não.
Sem gastar minha vida tentando acumular lucros vis,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Este posto elevado, como excremento de cachorro enrolado em cetim —
Posso tê-lo, ou não.
Conhecendo minha própria podridão, de primeira mão,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Amigos e família, como viajantes que se juntam para uma feira —
Podem ser cruéis, podem ser amáveis.
Cortando a firme corda de apego do coração,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Todas estas posses, como a riqueza achada em um sonho —
Posso tê-las, ou não.
Sem usar o tato e a lisonja para convencer os outros,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Este posto na hierarquia, como pequeno pássaro empoleirado num ramo —
Pode ser alto, pode ser baixo.
Sem me fazer miserável ao desejar uma posição melhor,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Praticando os feitiços da magia negra, como armas mortais —
Posso ser capaz de lançá-los, ou não.
Sem comprar a lâmina que corta a minha própria garganta,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Fazer orações, como um papagaio dizendo Om Mani Padme Hum —
Posso fazê-las, ou não.
Sem me gabar do que eu faço,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

A forma pela qual se ensina o Dharma, como água corrente —
Posso ser perito, ou não.
Sem pensar que mera eloqüência é Dharma,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O intelecto que faz diferenciações rápidas, como um porco apodrecido —
Pode ser inteligente, pode ser estúpido.
Sem permitir que surjam as rebarbas do ódio e apego inúteis,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

As experiências de meditação, como a água do poço no verão —
Podem aumentar, podem diminuir.
Sem perseguir arco-íris, como fazem as crianças,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Esta percepção pura, como uma chuva no topo da montanha —
Pode surgir, ou não.
Sem tomar a experiência ilusória como sendo real,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Estas liberdades e condições favoráveis, como uma jóia que realiza desejos —
Se não estão presentes, não há como realizar o Dharma sagrado.
Sem desperdiçar o que já está na minha própria mão,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O lama glorioso, como uma lamparina que ilumina o caminho da liberação —
Se não puder encontrá-lo, não há como realizar a verdadeira natureza.
Sem pular de um penhasco quando sei por qual caminho prosseguir,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O Dharma sagrado, como um remédio que cura doenças —
Se não o ouço, não há como saber o que deve ser feito e o que não deve.
Sem engolir o veneno quando posso distinguir o benefício do malefício,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O ciclo mutável da alegria e da tristeza, como as estações do ano —
Se isto não é visto, não há como alcançar a renúncia.
Como um tempo de sofrimento certamente virá ao meu redor,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O samsara, como uma pedra que caiu profundamente na água —
Se não sair agora, não sairei mais tarde.
Erguendo-me pela corda das Três Jóias compassivas,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

As boas qualidades da liberação, como uma ilha de jóias —
Se não são conhecidas, não há como começar a fazer esforços.
Tendo visto a vantagem da vitória permanente,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

As histórias das vidas dos grandes mestres, como a essência do néctar da imortalidade —
Se não são conhecidas, não há como a confiança surgir.
Sem escolher a autodestruição quando posso distinguir a vitória da derrota,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

A mente da iluminação, como um campo fértil —
A não ser que seja cultivada, não há como atingir a iluminação.
Sem ficar ocioso quando há uma grande meta a ser realizada,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Minha própria mente, como as brincadeiras de um macaco —
Sem manter guarda, não há como evitar emoções conflitantes.
Sem agir irrestritamente, como um lunático,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O ego, como uma sombra com a qual se nasce —
Até que seja abandonado, não há como alcançar um lugar de felicidade verdadeira.
Como o inimigo está em minhas garras, por que tratá-lo como amigo?
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Os cinco venenos, como brasas quentes entre as cinzas —
Até que sejam destruídos, não se pode descansar no estado natural.
Sem alimentar filhotes de víboras em meus bolsos,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Este fluxo mental, como a pele dura de um saco de manteiga —
Se não é domado e suavizado, não se pode misturar mente com Dharma.
Sem mimar criança é nascida por si mesma,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Estes maus hábitos arraigados, padrões kármicos, como as fortes correntes de um rio —
Se não são eliminados, não se pode evitar agir contrariamente ao Dharma.
Sem vender armas a meus inimigos,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Estas distrações, como ondas sem fim —
Se não são abandonadas, não há como se tornar estável.
Quando posso fazer aquilo que gosto, por que praticar o samsara?
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

As bênçãos do lama, como a primavera aquecendo o solo e a água —
Se elas não entram em mim, não há como ser introduzido à natureza da mente.
Quando há um atalho, por que tomar o caminho mais longo?
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Este retiro na selva, como o verão em um lugar exuberante onde crescem ervas —
Se não permanecer aqui, não há como nascer as boas qualidades.
Quando estiver no topo das montanhas, não retorne às cidades escuras.
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

O desejo pelo prazer, como um espírito de má sorte entrando na casa —
Se não estou livre dele, nunca pararei de trabalhar pelo sofrimento.
Sem fazer oferendas a fantasmas vorazes como meus deuses pessoais,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

A atenção, como a tranca do portão de um castelo —
Se não existir, não se pode parar os movimentos da ilusão.
Quando o ladrão certamente está vindo, por que esquecer de trancar a porta?
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

A natureza verdadeira, imutável, como o céu —
Até que seja realizada, não podemos resolver completamente as dúvidas da visão.
Não me deixando ser acorrentado por teorias,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

A consciência, como um pedaço impecável de cristal —
Até que seja vista, a meditação intencional não pode se dissolver.
Quando há uma companhia inseparável, por que procurar por outra?
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

A face da mente comum, como um velho amigo —
Se não é vista, tudo o que se faz é enganoso.
Sem procurar às cegas na escuridão de meus próprios olhos fechados,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Em resumo, sem abandonar as preocupações desta vida,
Não há como realizar os ensinamentos sagrados após a morte.
Tendo decidido mostrar grande bondade a mim mesmo,
Possa tudo o que eu fizer ser para o Dharma.

Possa eu não desenvolver visões errôneas sobre o lama que tem dado instruções de acordo com o Dharma.
Possa eu não perder fé na divindade meditacional quando os infortúnios acontecerem.
Possa eu não relaxar na prática quando as circunstâncias forem difíceis.
Possa não haver obstáculos para atingir a realização.

Todas estas atividades são inúteis, como fazer uma grande viagem a um terreno baldio.
Todas estas tentativas só fazem o meu fluxo mental ficar mais rígido.
Todo este pensar só adiciona confusão na confusão.
Tudo o que parece ser Dharma para as pessoas comuns só faz mais amarras.

Tanta atividade — nada vem dela.
Tanto pensar — nenhuma finalidade nele.
Tanto querer — sem tempo algum.
Tendo abandonado tudo isso,
Possa eu verdadeiramente praticar os ensinamentos sublimes.

Se precisar fazer algo, possa o ensinamento do Buddha servir de testemunha.
Se precisar fazer algo, misturo fluxo mental e Dharma.
Se precisar fazer algo, leio as histórias das vidas dos mestres do passado.
Qual a utilidade de outras coisas? Pirralho mimado!
Pegue um assento baixo e se torne rico em contentamento.

Tente diligentemente se libertar das oito preocupações mundanas.
Possam as bênçãos do lama entrar em mim,
Possa a minha realização tornar-se igual ao céu.
Conceda-me suas bênçãos para que eu possa alcançar o trono de Samantabhadra.

Escrito por Jigdral Yeshe Dorje [Dudjom Rinpoche, 1904-1988] para suas próprias preces, condensando o significado essencial das palavras-vajra do conselho dos grandes mestres do passado.



Fonte :http://www.dharmanet.com.br/vajrayana/dudjom.htm


[versão em inglês]



Renunciation Poem

Dudjom Rinpoche

RENUNCIATION


Sole unfailing and unchanging Refuge, Lord of the Mandala

Most precious and kind Root Guru, hold me with compassion
When I squander the freedoms and endowments
Ignoring death, providing only for this life.

This fleeting human life like a dream

It it's happy that is alright, if it's unhappy, that's alright.
Without concern for happiness or sorrow
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This mortal existence, like a candle in the wind,

If it's long that's alright, if it's short that's alright…
Without intensifying the tight grip of the ego,
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These intellectual judgments, like the lure of a mirage

If they're suitable that's alright, if they're not that's alright
Discarding like hay, talk that carries the eight worldly concerns
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This entourage like a flock of birds in a tree

If it's assembled that's alright, it it's scattered that's alright
Without letting others lead me by the nose
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This illusory body like a hundred year old house

If it survives that's alright, if it collapses that's alright
Without becoming entangled with obsessions for food,
clothes and medicine
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This religious position like a child's game

If it's kept up that's alright, if it's dropped that's alright
Without deceiving myself with numerous diversions
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These gods and demons, like reflections in a mirror

If they are helpful that's alright, if they are harmful that's alright
Without perceiving my own hallucinations as the enemy
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This delusive talk, like a trackless echo

If it's pleasing that's alright, if it's unpleasing that's alright
Taking the Three Jewels and my own mind as witness
May I constantly practice the Supreme Teaching.

That which is useless at the time of need like the antlers of a deer

If it's known that's alright, if it's unknown that's alright
Without simply relying on the various sciences
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These religious possessions like virulent poisons

If they are acquired that's alright, if they are not that's alright
Without devoting my life to sinful, unwholesome means of survival
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This form of greatness like dog shit wrapped in brocade

If its obtained that's alright, if it's not that's alright
Having smelled the rottenness of my own head
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These relationships like gatherings on a market day

If they are loving that's alright, if they are spiteful that's alright
Cutting the ties of passionate attachment from deep within the heart
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This rank like a little bird perched in a tree

If it's high that is alright, if it's low that is alright
Without concentrating on that which actually brings sorrow
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This black magic like a sharpened weapon

If it's successful that is alright, if it's not that is alright
Without buying the blade that will cut off my life
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These recitations like a parrot's six syllables

If they are repeated that's alright, if they are not that's alright
Without counting the numbers of the various practices
May I constantly practice the Supreme Teaching.

Mere religious discourse like a mountain cascade

If it's eloquent that's alright, if it's not that's alright
Without thinking of this glibness as Dharma
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The mind quick to judge like a pig's snout

If it's sharp that's alright, if it's dull that's alright
Without uselessly digging up the rubble of anger and attachment
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The yogi's experience like a stream in spring

If it expands that is alright, if it recedes that's alright
Without chasing rainbows like a child
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These pure visions like rain on a mountain top

If they happen that's alright if they don't that is alright
Without giving credence to illusory experiences
May I constantly practice the Supreme Teaching

The freedoms and endowments like a wish-fulfilling gem

If I do not obtain them there is no way to accomplish Dharma
When I have them in hand without letting them spoil
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The glorious Guru, light on the path of liberation

If I do not meet him there is no way to realize the true nature
When I know the way to go without jumping into the precipice
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The holy Dharma like a cure that removes sickness

If I have not heard it there is no way to decide
What to give up and what to take up
Distinguishing the beneficial from the harmful
without swallowing the poison
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The alternation of happiness and suffering

Like the changing of summer and winter
If I do not recognize it there is no way to develop renunciation
Being certain that I will suffer in turn
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This immersion in samsara like a stone in water

If I do not get out of it now I will not be free of it later
Holding on to the lifeline of the compassionate Three Jewels
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The qualities of liberation like an island of jewels

If I am unaware of them there is no way to develop diligence
Seeing the unending benefits to be gained
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The life stories of the great saints like the essence of nectar

If I am unacquainted with them there is no way to awaken faith
When I recognize the real gains and losses
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The aspiration towards enlightenment like a fertile field

If I do not cultivate it there is no way to attain Buddhahood
Without becoming indifferent to the accomplishments of this great goal
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These thoughts of mine like a monkey's antics

If I do not tame them there is no way to eliminate my negative emotions
Without falling into all kinds of crazy mimicry
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This attachment to ego like an inherent shadow

If I do not give it up there is no way to reach the peaceful land
When I recognize the enemy without befriending it
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The five poisons like glowing embers in the ash

If I do not extinguish them I cannot abide in mind's self nature
Without breeding venomous baby snakes in my bed
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This temperament of mine like the stiff hide of a buffalo-bag

If I do not soften it the Dharma and my mind will never blend
Without indulging the child that is born from myself
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These ingrained bad habits like the course of a river

If I do not eliminate them I cannot part from the profane
Without delivering weapons into the hands of the enemy
May I constantly practice the Supreme Teaching.

These distractions like the ceaseless rippling of water

If I do not reject them there is no way to become steadfast
When I have the freedom of choice without devoting myself to samsara
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The Guru's blessing like the warming of water and earth

If I do not receive it there is no way to recognize my own true nature
When I step on the short path without turning in circles
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The solitary place like a summer valley of medicine plants

If I do not dwell there, there is no way for the good qualities to grow
When I stay in the mountains without wandering off to samsaric cities
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This desire for comfort like a greedy ghost lodged at the hearth

If I do not part from it painful efforts will never cease
Without making, as to a god, offerings to a hungry demon
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This alert mindfulness like the key to a fortress

If it is not relied upon the movements of delusion will never stop
At the time the thief arrives without leaving the latch unfastened
May I constantly practice the Supreme Teaching.

The true nature like the unchanging space

If I do not realize it the ground of the view will not be found
Without chaining myself in iron fetters
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This awareness like a stainless crystal

If I do not see it, the concept and effort of meditation cannot dissolve
When I have this inseparable companion without searching for another
May I constantly practice the Supreme Teaching.

This natural mind like an old friend

If I do not recognize it all my activities will be deluded
Without fumbling around with my eyes closed
May I constantly practice the Supreme Teaching.

In short, if I do not abandon the concerns of this life

There is no way to apply the teachings for the benefit of the next life
Having resolved to be kind to myself
May whatever I do become the Supreme Teaching.

To doubt the Guru's instructions that accord with the Dharma

To feel bitterness toward the deity when bad karma emerges
To discontinue the sadhana and so forth when adverse circumstances arise
May such obstacles not occur as accomplishment approaches.

All this doing has no more meaning than walking around a desert

All these efforts make my character rigid
All this thinking just reinforces my delusions
What worldly beings consider to be Dharma is the cause of binding myself.

All this exertion produces no result

All these ideas bring not a single actualization
All the numerous wants will never be fulfilled
Abandoning activities may I be able to meditate on the oral instructions.

If you think you want to do it, take the Victorious One's words as witness

If you think you will really do it, blend your mind with Dharma
If you think you can practice, follow the example of the past saints
You spoiled ones, is there any other way?

Taking a humble position rich with the treasure of contentment

Free from the binds of the eight-worldly concerns
Firm and strong hearted in practice
Receiving the Gurus's blessing realization becomes equal to space
May we attain the Kingdom of the All Good.

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Thus having united the meaning of the diamond words of the past saints,

I have written this as my own prayer. ~ Dudjom Rinpoche (Jigdral Yeshe Dorje)